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Hélio Schwartsman

Vitaminas na berlinda

SÃO PAULO - Com uma veemência difícil de encontrar em periódicos científicos, o editorial da última edição de "Annals of Internal Medicine" não só pede que as pessoas parem de utilizar suplementos de vitaminas como sugere que não se dediquem muito mais recursos a novas pesquisas nessa área. Para os editores da publicação, exceto para subgrupos específicos, o caso das vitaminas já está encerrado.

O editorial, intitulado "Enough is enough" (já basta), acompanha a publicação de três estudos que mostram que o uso de suplementos é, na melhor hipótese, um desperdício de dinheiro. O primeiro trabalho, envolvendo 400 mil participantes, indica que multivitamínicos não previnem doenças cardiovasculares, câncer nem reduzem a mortalidade geral. O segundo acompanhou por 12 anos quase 6.000 idosos e concluiu que suplementos não melhoram a performance cognitiva. O terceiro revelou que vitaminas não previnem eventos cardiovasculares em pacientes que já haviam sofrido infarto.

Os editores de "Annals" lembram que existem trabalhos mostrando que alguns micronutrientes, notadamente betacaroteno e vitamina E, na verdade aumentam a mortalidade.

Para eles, já passa da hora de os médicos transformarem essa ampla coleção de evidências em ações, aconselhando as pessoas a parar de tomar suplementos, a menos, é claro, que sofram de alguma deficiência nutricional que exija reposição.

Não obstante, o consumo de vitaminas vem crescendo em todo o mundo. Na verdade, esse se tornou um filão especialmente atrativo para laboratórios e para algumas pseudoespecialidades como a medicina ortomolecular e a antienvelhecimento. No mundo de hoje, não dá mais para fazer medicina com base em filosofias. É preciso curvar-se às evidências e, no caso das vitaminas, elas já deram o seu veredicto.

Agradeço a Esper Kallás, que me chamou a atenção para os trabalhos.


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