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Ruy Castro

André

RIO DE JANEIRO - Quando morre alguém que conhecemos, diz-se, sem muita convicção: "Grande perda!". Serve de consolo para os parentes e amigos, embora, às vezes, não se sinta o baque fora desse círculo. Mas, nesta quarta, a expressão ganhou novo alcance. A morte de André Urani é uma perda para seus amigos e para todos que aprendemos a admirá-lo -e para o Rio.

André era economista e, nos últimos 20 anos, municiou com ideias, projetos e informações inúmeros organismos, universidades e empresas, daqui e de fora, interessados no Rio. Era dinâmico e consistente, mas sua grande arma talvez fosse o otimismo. Mesmo nos anos em que o vodu se abatia sobre a cidade, ele insistia nos índices e indícios que poderiam conduzir a um Rio e, por extensão, a um Brasil mais prósperos. Que bom que viveu para ver suas projeções confirmadas e o Rio no topo dos investimentos nacionais.

Seu poder de conversão ficou provado em maio último, quando, já muito doente, autografou seu livro "Rio: A Hora da Virada", com Fabio Giambiagi, na Travessa do Leblon. Foi a maior noite na história da livraria. Não sei quantos livros assinou, mas as pessoas levavam horas na fila para chegar à sua mesa e quase ninguém arredou pé.

Como tantos, André era um carioca nascido longe de casa -no seu caso, Turim, Itália. Era o carioca absoluto, capaz de sair de uma reunião com banqueiros internacionais direto para uma exposição sobre o Cristo Redentor ou para um show ao ar livre em homenagem a Assis Valente.

A última vez que o vi, há quatro meses, foi numa reunião de conselheiros do novo Museu da Imagem e do Som. Já precisava fazer grande esforço para falar. Mas, do pouco que conseguiu emitir, quantas ideias novas para a perpetuação da nossa memória. André lutou até o último segundo de seus 51 anos pela sua obsessão de amar o Rio.

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