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Calor verbal

Declarações recentes de petistas indicam aposta em oratória mais agressiva como resposta aos problemas que governos da sigla enfrentam

Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, onde é notória a agressividade da oposição parlamentar ao governo Barack Obama, o debate ideológico brasileiro tem se destacado por uma singular dualidade de estilos.

No reino virtual da internet, blogueiros e comentaristas amiúde adotam uma linguagem de extrema virulência. No mundo político real, entretanto, o ambiente vinha se caracterizando há tempos por um relativo marasmo.

Nem os prováveis candidatos da oposição, como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), nem os representantes do governo, a começar pela própria presidente Dilma Rousseff (PT), pareciam dispostos a elevar a temperatura da controvérsia partidária.

As semanas sufocantes deste verão acumulam, todavia --não tanto pela impaciência com as condições meteorológicas, e bem mais pelo avançar do calendário eleitoral--, claros sinais de que se passa a apostar em novos tons de beligerância política.

Dilma apontou o "pessimismo" de seus adversários --o que não é inesperado por parte de qualquer governante em dificuldades, como é o seu caso, cujo favoritismo diminuiu consideravelmente. Acrescentou, porém, que seus críticos têm, agora, "a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou."

Com semelhante estado de ânimo, o pré-candidato petista ao governo de São Paulo entregou-se a um exercício de reinterpretação da história, ao criticar a política de segurança da administração tucana.

"O PCC é uma criação dos 20 anos do governo do PSDB, não existia antes e hoje tem", disse o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista a esta Folha. A facção, na verdade, surgiu em 1993, na gestão de Luiz Antonio Fleury Filho, à época no PMDB.

Enquanto isso, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), misturou, em entrevista à BBC Brasil, uma conhecida fraseologia de esquerda contra as "elites" ao fracasso, de responsabilidade do governo federal petista, na renegociação da dívida paulistana.

Fruto de uma nova estratégia comunicacional ou mera coincidência, é cedo para dizer: as manifestações de líderes petistas reagem, com novo teor, a um clima de críticas que parece extravasar-se dos nichos da internet para o campo institucional mais amplo.

Quando governo e oposição, no fundo, têm pouco a oferecer em termos de ideias e realizações concretas, a saída se conhece: cresce a voltagem oratória, e o debate racional se empobrece.


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