Índice geral Opinião
Opinião
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Estratégia chinesa

Com inflação em queda, reunião de líderes da China indica que política econômica para o ano que vem voltará a enfatizar expansão do PIB

Aconteceu na última semana a reunião em que dirigentes chineses definem os rumos da política econômica para o próximo ano. Confirmaram-se, no encontro, as impressões recentes de que está em curso no país asiático um ajuste moderado em várias áreas, com o objetivo de evitar uma desaceleração mais acentuada da economia.

Apesar de mantida a "prudência" na orientação da política monetária, tal como neste ano, o significado da palavra já não será o mesmo. Isto porque o objetivo principal, que deve alinhar a ação dos diversos escalões da máquina estatal, deixou de ser o controle da inflação e passou a ser a manutenção do crescimento. Portanto, prudência agora passou a significar flexibilidade e prevenção de crise.

Em termos práticos, espera-se um aumento de 13% na meta de crescimento do crédito, uma sequência de cortes nas exigências de depósitos compulsórios (recursos que os bancos são obrigados a manter parados no Banco Central) e outras medidas de natureza fiscal para incentivar o consumo.

O cenário é propício ao afrouxamento. A inflação chinesa cai rapidamente. De quase 6% ao ano em setembro, estima-se que chegará a 3,5% nos primeiros meses de 2012.

Quanto ao crescimento, apesar de o governo indicar que será mais ativo na tentativa de voltar a acelerar a economia, são comuns projeções de "apenas" 6% a 7% de expansão do PIB na primeira metade do ano -em comparação com os 9% deste ano.

É cada vez mais evidente a redução da atividade em diversos setores, em especial na construção civil, objeto de medidas restritivas do governo nos últimos dois anos. O volume de transações imobiliárias caiu 60% em algumas cidades chinesas em novembro, em comparação com o mesmo período do ano passado. E os preços também declinaram.

O setor imobiliário é um grande fator de risco. Além de representar uma das principais fontes de crescimento econômico, há interligações financeiras significativas: um bom pedaço da montanha de dívidas acumuladas desde 2009 no país foi direcionado ao setor, e cerca de 40% das receitas dos governos locais dependem de vendas de terras. Um cenário de desaceleração mais acentuada traria problemas em várias frentes, inclusive para os bancos.

Como o governo chinês tem ampla margem de manobra, não é implausível que consiga retomar um ritmo de crescimento do PIB próximo a 8%. Mas desta vez não parece que será tão fácil como em 2009, quando o país se lançou num maciço programa de investimentos bancado por crédito oficial. O foco agora deverá recair sobre estímulos ao consumo e defesa de alguns setores -medidas cuja eficácia ainda precisará ser provada.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.