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Paula Cesarino Costa

Porta fechada ou entreaberta?

RIO DE JANEIRO - As portas da catedral estão fechadas. Ao redor, centenas de desvalidos, como se a peça "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes, tivesse sido atualizada e o número de Zés do Burro, o pobre barrado na porta de igreja que recusava a sua cruz, tivesse sido multiplicado pela inflação do descaso.

"Fechadas estão as portas centrais da Catedral, mas a igreja não está fechada para os pobres nem para a democracia", diz o monsenhor Joel Amado, coordenador de pastoral da Arquidiocese e pároco da Catedral.

Um dos prédios mais feios da cidade, a Catedral Metropolitana não abrigou, como habitualmente, as celebrações da Semana Santa. Na véspera, cerca de cem pessoas haviam se instalado no entorno da igreja.

São famílias que invadiram prédio abandonado da empresa de telefonia Oi e foram expulsas. As histórias se repetem: pagavam aluguel maior que o salário; moravam apinhadas em casas de parentes; ou na rua.

O Rio tinha, em 2012, menos 400 mil domicílios do que o necessário. A região metropolitana concentrava 70% do déficit. Rodrigo Moreira, porta-voz do grupo, conta que vivia em quarto de 2m por 2,5m, com a mulher e dois filhos, em Manguinhos, zona norte. Antes alugava um barraco por R$ 380, mas ficou desempregado.

Na Quinta-feira Santa, o papa Francisco pregou: "A disponibilidade do padre faz com que a igreja seja uma casa de portas abertas, refúgio dos pecadores, lar para os que vivem na rua, casa de auxílio para os enfermos, camping para os jovens".

Igreja não é Estado e nem pode fazer milagres para construir casas.

Representantes da igreja tentam fazer a mediação. Os franciscanos têm dado apoio aos acampados. No domingo de Páscoa, o cardeal d. Orani Tempesta passou por lá. Mantém inexplicável silêncio sobre por que as portas ainda nem sequer foram entreabertas para aliviar a cruz de dezenas de Zés do Burro à sua frente.


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