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Hélio Schwartsman

O "big data" e o futuro

SÃO PAULO - Na interessante entrevista sobre o "big data" que deu à Folha, Andreas Weigend, ex-cientista chefe da Amazon e hoje professor na Universidade Stanford, afirmou que os dados sabem mais sobre você do que você mesmo.

Não creio que o pesquisador exagere, pelo menos não muito. Ainda não sabemos ao certo o que será possível fazer com o "big data", mas já não há dúvida de que seu impacto será enorme. Em algumas áreas, em especial a economia, ele já se faz sentir.

Empresas que controlam gigantescas bases de dados, como Amazon, Google e tantas outras, já tiveram seu valor de mercado multiplicado nas bolsas. Mais, usam as informações que detêm sobre usuários para incrementar suas vendas. Eu próprio sou vítima contumaz do diabólico algoritmo da Amazon que me oferece quase diariamente livros aos quais não consigo resistir.

As reverberações do "big data", contudo, não estão restritas ao mundo empresarial. O fenômeno também deverá afetar profundamente a ciência, incluindo as humanidades, e vários aspectos da governança.

Embora seja cedo para delimitar o alcance dessa revolução, há discussões às quais não poderemos nos furtar por muito mais tempo. O ideal seria que definíssemos desde já certos limites para o uso do "big data", mais especificamente para o conhecimento probabilístico que ele introduz.

Dois exemplos. O "big data" nos permite estabelecer com boa chance de acerto quais são as pessoas mais propensas a sofrer de moléstias custosas. É razoável que seguradoras de saúde lhes neguem cobertura ou exijam um sobrepreço? Pior, é possível apontar quais os jovens com maior probabilidade de cometer crimes. É claro que não podemos trancafiá-los "a priori", mas seria legítimo colocá-los em programas de prevenção? Ou será que isso já constituiria uma punição antecipada? Será que nossas vidas não requerem um pouco de incerteza para ser plenamente vividas?

helio@uol.com.br


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