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André Singer

Quebra-cabeça eleitoral

A pesquisa Datafolha publicada em 9/5 ajuda a colocar no lugar algumas peças da eleição deste ano. Não há ainda tendência clara, mas os números permitem entender opções atuais dos atores políticos.

1 - Agravou-se a diferença regional registrada em 2010. No Norte/Nordeste, Dilma Rousseff supera Aécio Neves por uma diferença de 40 p.p. (pontos percentuais)! Nas outras regiões, a distância cai, em média, para 7 p.p.. No Sudeste, em particular, a vantagem ficou reduzida a 3 p.p., o que, considerada a margem de erro, equivale a empate técnico.

Parece que os acontecimentos de junho de 2013, cujos epicentros foram São Paulo e Rio, continuam a ecoar no sentimento do eleitorado da região.

2 - Em decorrência, o subproletariado, que não foi às ruas, fica mais importante para o lulismo. Acontece que o candidato tucano teve um incremento de 6 p.p. entre os mais pobres (renda familiar de até dois salários mínimos). Os dados fazem pensar que tais adesões podem ter saído do barco governista, uma vez que Dilma perdeu 7 p.p. no segmento.

Isso explicaria a orientação dos spots que o PT colocou na TV nesta semana.

Eles procuram, de modo direto, mostrar ao público de baixa renda que uma vitória do PSDB pode fazê-lo perder as melhores condições de vida obtidas na última década. O PT aposta naquilo que em teoria do comportamento eleitoral se designa por "voto retrospectivo", quando o votante se orienta por aquilo que já passou e não pela perspectiva de futuro, que seria mais próprio do "voto prospectivo".

3 - Outra saída possível seria lançar a candidatura do próprio Lula. A pesquisa mostra que ele não perdeu o apoio das camadas de baixa renda. Enquanto Dilma tem 47% das intenções de voto entre os mais pobres, Lula alcança 61%. Em se tratando de uma base lulista, é natural que tenha relação mais forte com aquele que encarna o projeto do que com aquela escolhida para representá-lo temporariamente.

Os custos da substituição, contudo, são altos. Diante do desejo de Dilma ficar, uma postulação de Lula pode soar como deslealdade. Por outro lado, há risco de causar a impressão de que o governo Dilma fracassou e, como Lula é o fiador da experiência, de o ônus recair sobre ele.

No entanto, como em política a chance de vitória costuma falar mais alto, não se deve descartar a possibilidade.

4 - Eduardo Campos está tentando capturar o eleitor que se sente lulista e atribui os problemas atuais a Dilma. A mensagem de Campos será: eu sempre fui aliado de Lula e vou dar continuidade ao projeto dele. Quem se desviou do rumo foi Dilma. É claro que, com essa tática, se Lula reaparecer, Campos fica quase eliminado.


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