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Os rumos do emprego

Dados revelam que mercado de trabalho perdeu força e o desafio agora é impulsionar a criação de vagas e manter o crescimento econômico

Vieram a público, nos últimos dias, informações à primeira vista contraditórias a respeito do desempenho recente do mercado de trabalho no Brasil.

Na terça-feira, o Ministério do Trabalho divulgou que, em novembro, o saldo entre admissões e demissões de trabalhadores com carteira assinada foi de apenas 42,7 mil -resultado mais fraco do que se antecipava.

Já na quinta-feira, o IBGE anunciou que, no mesmo mês de novembro, apenas 5,2% dos trabalhadores não conseguiram encontrar emprego -a taxa mais baixa desde que se adotou, em 2002, a atual metodologia da Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

A estranheza suscitada pelo contraste entre esses dados se dilui quando se levam em conta as diferenças de escopo entre os dois levantamentos e, sobretudo, a confluência entre os detalhes das informações por eles apuradas.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, é um registro de âmbito nacional, porém restrito aos trabalhadores com vínculo empregatício formalizado. A PME do IBGE tem alvo distinto: realiza entrevistas para captar a evolução tanto do emprego formal como das ocupações informais, mas sua abrangência é limitada a seis das principais regiões metropolitanas.

O desempenho fraco do emprego formal percebido pelo Caged encontra eco na PME, que apurou um crescimento bem menor do trabalho com carteira assinada do que das ocupações informais.

Tendo em vista, ainda, que o desemprego tipicamente recua nos meses finais de cada ano, chega-se à conclusão de que o mercado de trabalho, bastante aquecido em 2010, prosseguiu em novembro na trajetória de desaceleração iniciada no segundo trimestre de 2011.

Os dados sobre a evolução dos rendimentos dos trabalhadores corroboram esse diagnóstico. Em novembro, a variação foi próxima de zero pelo terceiro mês consecutivo -bem abaixo do ganho real de 3,7% observado, em média, entre janeiro e agosto. Sinal inequívoco de que a perda de ímpeto da atividade econômica mudou o ambiente das negociações salariais.

Ao iniciar-se 2011, estimular um desaquecimento do mercado de trabalho parecia necessário para domar a inflação. No fim do ano, diante de uma conjuntura global bastante adversa, o desafio parece se inverter: impedir um aprofundamento da perda de impulso do emprego e da renda torna-se necessário para sustentar o crescimento econômico.

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