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Meio do caminho

Brasil deve ser o sexto PIB do mundo em 2012, mas as perspectivas ainda são tímidas se comparadas às de outros países emergentes

A notícia de que o Brasil deve superar o Reino Unido e começar 2012 como a sexta maior economia do mundo reflete em boa medida a ascensão global dos países emergentes ao longo da última década, movimento que se acentuou desde o estouro da crise financeira no mundo desenvolvido, em 2008.

Com um PIB próximo a R$ 4 trilhões (US$ 2,5 trilhões), o país aparece com destaque no cenário econômico global e figura nos planos estratégicos das multinacionais.

A nova posição pode surpreender quando se recorda que há apenas dez anos o PIB do Brasil era o décimo do mundo, e o país ainda se digladiava com a dívida externa.

A mudança nas condições brasileiras decorre, em grande parte, da combinação virtuosa de três fatores, que se sucederam desde os anos 1990: o Plano Real, alicerce da estabilidade monetária e fiscal; o aumento nos preços das exportações de matérias-primas ocasionado pela demanda chinesa; e, por fim, a política mais agressiva de distribuição de renda, que impulsionou crédito e mercado interno.

Todavia, essa recente pujança não deveria mascarar as graves e históricas deficiências do país, tanto na seara econômica quanto na esfera social.

Nossa média de escolaridade ainda é de 7,2 anos, contra 10,6 dos franceses. E para que o PIB anual per capita, de US$ 12 mil, atinja os atuais US$ 25 mil dos espanhóis, seriam necessários quase 20 anos crescendo a 4% -a média da última década foi de 3,6%.

Tampouco se deve ignorar o fato de que quase nada foi feito para melhorar as condições do crescimento econômico brasileiro, que permanece limitado pelos impeditivos de sempre, a começar da carga tributária altíssima, do baixo grau de inovação tecnológica e da burocracia que sufoca o empreendedorismo no nascedouro.

Mas, tudo somado, essa falta de avanços institucionais não deve barrar, ao menos por ora, o dinamismo econômico recente, mantido pelo robusto mercado interno e pelo boom das commodities. Salvo um cataclismo externo, é plausível que o país continue crescendo a uma velocidade suficiente para dobrar o PIB nominal (sem descontar a inflação) até 2020.

O desempenho, razoável à primeira vista, empalidece se comparado ao de outros emergentes, como China e Índia, que podem quadruplicar o tamanho de suas economias no transcorrer da década.

Deve-se evitar, portanto, o tom triunfalista sempre cultivado pelo governo petista. O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer -e a rota passa por obstáculos de superação distante, como a educação sofrível e a péssima infraestrutura.

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