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Opinião

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Robson Rodovalho

Antes pedintes, hoje negociadores

A candidatura do pastor Everaldo revela uma clara mudança de posição do segmento evangélico como "player" do jogo político

Já faz parte do calendário dos ministérios evangélicos o cortejo de candidatos nos anos de eleições. Da mesma forma, também já nos acostumamos, tão logo definidos os eleitos, vermos esquecidos compromissos firmados conosco em busca dos milhares de votos dos fieis que partilham de nossa fé cristã. Em 2014, no entanto, o cenário mudou.

O fundamental é que, neste ano, os evangélicos têm a opção de uma candidatura que chega ao pleito comprometida com as bandeiras da vida e da família. Por sua fé cristã, o candidato traz como pressuposto disposição para torná-las realidade. Então, qualquer compromisso que se faça pelo apoio do nosso segmento será com "além disso", e não "pelo menos por isso".

A candidatura do pastor Everaldo (PSC) nasceu de seu próprio partido, não de um consenso entre líderes evangélicos e suas denominações. E é fato que, ao menos nessa antessala do pleito, a opção do eleitorado por seu nome tem sido discreta, conforme as mais recentes pesquisas.

Mas a discussão que aqui se propõe independe da sua viabilidade. A candidatura do pastor Everaldo revela clara mudança de posição do segmento evangélico como "player" do jogo político. Suas lideranças ganham mais força e respeito para colocar os pleitos dos fieis no programa de ação dos candidatos que decidirem apoiar. Não é mais pedir. É negociar, compromissar.

É ingênuo quem pensa o mundo evangélico como multidões informes, conduzidas por líderes que mantêm seu rebanho em cabrestos. Desde sua formação, nos anos 80, a igreja Sara Nossa Terra, que tenho a honra de conduzir e representar, prima pelo respeito ao outro, fundamentalmente pensar para o próximo nada diferente do que buscamos para nós mesmos. E é com esse espírito que nós, líderes cristãos, devemos apresentar aos membros de nossas igrejas quais as nossas opções em cada eleição. Não há relação de ordem, apenas de colaboração para que, no seu livre-arbítrio, o eleitor cristão faça sua escolha com maior conhecimento de causa.

O número de evangélicos cresce a cada dia. Segundo o censo de 2010, éramos 22,2% da população naquele ano. Se projetarmos esse percentual para o universo do eleitorado existente em julho de 2013, o dado mais atualizado disponível, estamos falando em cerca de 31 milhões de votos entre 141 milhões de votantes. Com esse capital, mesmo dispondo de um nome natural, mas não obrigatório, como opção de voto para o segmento, mais do que nunca estamos dispostos a debater, a participar do processo eleitoral. Só que agora reconhecidos pela efetiva representação que temos na sociedade, respeitados como cidadãos, não como número de votos.

O nome do pastor Everaldo vai entrar em trajetória ascendente ao longo do embate. Essa projeção fará amplificar o significado dos princípios que seguimos e da perseverança com que buscamos sua realização. Eis aí a essência que precisamos fazer florescer nos cidadãos. Somente esse tipo de alicerce permite reunir as forças necessárias para recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento e da prosperidade, uma rota da qual o país está visivelmente distante --e se distancia cada vez mais.

O Brasil de hoje precisa e merece ter uma gestão que vá além da ampliação de programas assistenciais e da ascensão da classe D ao mercado de consumo. O país clama por projetos de logística, de uma efetiva política industrial, de reestruturação da saúde, de medidas para conter a inflação sem frear o crescimento, de estratégia e força para o cidadão de bem viver em segurança.

Terá a preferência dos evangélicos aquele que, além desse acerto para a vida fora de casa, também tenha e se comprometa com valores que permitam rever a vida dentro de casa. Não é possível seguir uma rotina em que, como revelou a Folha em 13 de junho, a cada dois dias três pessoas são assassinadas em brigas de família, como tem ocorrido no Estado de São Paulo.


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