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Opinião

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Cantareira no elevador

A cena cotidiana, que a maioria já vivenciou, sempre serviu como exemplo de conversa superficial. "Está quente hoje", comenta um. "Será que vai chover?", indaga o interlocutor desinteressado.

Para uma fatia dos moradores da região metropolitana de São Paulo, contudo, a pergunta não é mais retórica. Revela, ao contrário, preocupação genuína com a situação do sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento hídrico de 8,8 milhões de pessoas.

Por causa da estiagem incomum, tornaram-se frequentes, e não só nos elevadores, os diálogos sobre um possível racionamento em parte da capital e em municípios próximos. A Sabesp (companhia paulista de saneamento básico), por ora, descarta essa hipótese e assegura o suprimento até março de 2015.

Enquanto diminui o volume armazenado no Cantareira, todavia, cresce o ceticismo da população em relação às garantias do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Ontem, o nível do conjunto de represas chegou a 16,6% de sua capacidade, já aí considerado o chamado volume morto --água reservada abaixo do ponto de captação.

Também Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, põe em dúvida a asserção da Sabesp. Descontado o fato de que integra a administração petista no plano federal, resta sua observação singela: a estatal paulista conta com as chuvas de outubro, mas é impossível dizer se elas de fato virão.

A ministra participou, na terça-feira, de reunião convocada pela ANA (Agência Nacional de Águas). Na ocasião, o diretor-presidente da entidade, Vicente Andreu, reafirmou ser necessário reduzir a vazão do sistema Cantareira.

Especialistas que estiveram no encontro defenderam o aumento da tarifa para quem elevar o consumo. A medida, decerto antipática, viria como complemento ao bônus de 30% que o governo paulista oferece aos que conseguem cortar 20% do uso de água.

Tanto o estímulo à economia como a ausência de ônus se fazem sentir. Em junho, 14% dos atendidos pelo Cantareira, ou 1,2 milhão de pessoas, gastaram mais do que na média dos 12 meses anteriores.

Geraldo Alckmin, que em abril cogitou o encargo pecuniário, desistiu da ideia neste mês. Deve ter pensado nas dificuldades que isso ocasionaria nas eleições. Seu cálculo talvez esteja correto; a história mostra o quanto taxas adicionais podem custar a um governante.

Se não chover até outubro, porém, a crise hídrica e o racionamento não serão águas passadas, e o tucano corre o risco de ver paulistas debatendo o voto no elevador.


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