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Fernanda Godoy
Acusações e amnésia
RIO DE JANEIRO - Denunciado pela ex-mulher, a ex-deputada federal Vanessa Felippe, que entregou à revista "Época" gravações nas quais ele assume ter recebido propina de fornecedores da Prefeitura do Rio e possuir conta (não declarada) na Suíça, o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) ainda deve uma resposta aos contribuintes do Rio.
Desde a denúncia, o ex-secretário de Assistência Social e de Governo do prefeito Eduardo Paes (PMDB) evita jornalistas e eventos públicos.
Sua reação à divulgação das acusações é uma combinação de amnésia, silêncio e ataques à reputação da denunciante, no caso, a mulher com quem esteve casado por 20 anos, mãe de dois filhos seus.
Procurado pela "Época" antes da publicação da reportagem, que revelaria que ele recebia entre R$ 65 mil e R$ 70 mil de mesada da ONG contratada por ele para atender a usuários de crack, Bethlem disse que não se lembrava da conversa com a ex-mulher.
O assessor do gabinete de Bethlem, filmado entregando a Vanessa Felippe envelopes com R$ 20 mil em cédulas de R$ 100, também sofre de amnésia. Declarou não se recordar de ter levado os pagamentos.
Procurado por toda a imprensa nacional após o escândalo, o deputado se limitou a divulgar uma nota na qual nega as acusações e ataca a credibilidade da ex-mulher, afirmando que ela sofre de transtorno psiquiátrico.
Segundo Bethlem, ela mesma desmentiu as declarações, "alegando tê-las feito num momento de grave confusão mental".
A nota, que o deputado diz ter emitido em respeito a seus filhos e a seus eleitores, se faz acompanhar de uma declaração registrada em cartório por Vanessa Felippe, na qual ela afirma se encontrar em "grave quadro psiquiátrico" e de um laudo médico confirmando essas palavras.
Rodrigo Bethlem parece não entender que quem deve explicações sobre seus atos é ele, e não Vanessa Felippe.