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Ruy Castro

A loja de tudo

RIO DE JANEIRO - Os cadernos de informática e negócios anunciaram há pouco a chegada do Fire Phone, o celular da "gigante do varejo on-line", a Amazon. Segundo as reportagens, ele será uma extensão da plataforma de vendas da Amazon. Um aplicativo chamado Firefly permitirá ao usuário escanear um produto e comprá-lo on-line --sem interferência humana e sem ter sequer de digitar.

Suponha-se num shopping, livraria, revendedora de automóveis ou qualquer lugar onde haja alguma coisa para vender. Se gostar de um livro, um casaco, um carro, o que for, bastará fotografá-lo com o Firefly. O resultado será uma foto em 3D, disparada automaticamente para o site da Amazon. Se o objeto de desejo estiver entre os 100 milhões de produtos reconhecidos por ela --100 milhões!--, a compra estará feita. Você receberá o objeto em casa, e o valor será debitado em seu cartão.

Depois de acionado xis vezes para compras, o Firefly "aprenderá" tudo a seu respeito e passará a supri-lo com sugestões, para dispensá-lo de ir aos lugares para fotografar o que lhe interessa. Mesmo porque, em pouco tempo, esses lugares, reduzidos a reles showrooms, deixarão de existir. Os showrooms do futuro serão só virtuais.

A revista "Wired" classifica o Firefly como "uma loja Amazon de bolso". A Amazon, por sua vez, não esconde que quer ser "uma loja de tudo" --e de forma a dispensar a existência de todas as outras.

Não vi nos textos nenhuma preocupação com o fato de que o Firefly pode representar a morte do comércio de rua --e, agora, também o de shopping--, o fim do varejo, o desemprego, a falência das cidades e o fim de uma relação entre os seres humanos que começou quando, um dia, um deles trocou um machado de pedra por uma pele de mamute com seu vizinho --e, com isso, os dois inauguraram a civilização.


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