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Os dois fronts do Iraque

Passados dois meses do início da violentíssima ofensiva da facção terrorista sunita Estado Islâmico (EI), o Iraque enfim começa a esboçar reação à altura em dois fronts: o político e o militar.

Na capital, Bagdá, Nuri al-Maliki, representante da maioria xiita (pouco mais de 50%) e no poder desde 2006, renunciou ao cargo de premiê na quinta-feira (16). Pressionado internamente e no exterior, sua saída representa o fim de um governo criticado pela política sectária contra as minorias sunita (25%) e curda (entre 15% e 20%).

Embora as ações do EI tenham origem no conflito da vizinha Síria --onde o grupo, contrário ao ditador Bashar al-Assad, controla uma porção do território--, os radicais amealharam simpatias entre os sunitas do Iraque em decorrência da intransigência de Maliki.

Romper o ciclo de intolerância é, portanto, a principal missão de Haider al-Abadi, que tem 30 dias para formar um novo governo antes de assumir o poder.

Ainda que pertença à coalizão xiita do antecessor, Abadi é considerado mais pragmático e apto a liderar a complexa tarefa de reunificar o país em meio ao conflito.

No campo militar, os EUA, com a anuência do Iraque, iniciaram no último dia 8 bombardeios contra posições do EI no norte do país.

Dessa maneira, conseguiram frear momentaneamente a violência dos radicais sunitas contra populações civis, sobretudo os integrantes da etnia yazidi. Cerca de 200 mil pessoas dessa minoria curda tiveram de deixar suas casas por causa da ofensiva extremista.

Ao mesmo tempo, o conflito sírio, iniciado em 2011, dá sinais de recrudescimento, com a polarização entre a ditadura de Assad e o radicalismo do EI, cujos excessos foram criticados até pela organização terrorista Al Qaeda.

Herdeiro da desastrosa invasão ao Iraque em 2003, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que não determinará o envio de forças terrestres ao país, mas ponderou que os bombardeios aéreos não serão suficientes para derrotar os extremistas. A solução, disse, passa pela costura política entre as linhas étnicas e religiosas.

O diagnóstico é correto. As respostas à crise dependem sobretudo de Bagdá. As negociações para a formação de um novo governo, nas próximas semanas, indicarão se os políticos iraquianos estão dispostos a enfrentar o desafio.


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