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Fernando Puga

TENDÊNCIAS/DEBATES

Como o BNDES aplica seus recursos

A representatividade das empresas de menor porte é maior nos investimentos financiados pelo banco do que na indústria em geral

A proeminência que o BNDES ganhou nos últimos anos o tornou tema de intenso debate. Ainda que um traço marcante seja o seu viés ideológico, o banco está atento aos argumentos levantados, em especial às críticas. Duas delas chamam atenção. Alguns dizem que o apoio do BNDES privilegia as grandes empresas. Outros, que sua ação não contribui para aumentar os investimentos da economia.

É preciso destacar: no que tange ao investimento, as empresas relevantes são as grandes. Dados do IBGE de 2011 revelam que as empresas da indústria com faturamento anual acima de R$ 90 milhões responderam por 84% dos investimentos do setor. No BNDES, as empresas industriais desse porte representaram no mesmo período 78% dos desembolsos ao setor. Em 2013, esse indicador foi de 76%. Nesse sentido, a representatividade das empresas de menor porte é maior nos investimentos financiados pelo banco do que na indústria em geral.

Além disso, é preciso ter em conta que empresas de menor porte não estão presentes (ou estão de forma marginal) nos investimentos em infraestrutura, exportação e setor público, responsáveis por 35% dos desembolsos do BNDES em 2013. Ao expurgá-los, temos uma participação equânime entre as empresas grandes e as micro, pequenas e médias nos desembolsos do BNDES.

Quer dizer: onde as empresas de menor porte são relevantes, o esforço do BNDES é intenso. As empresas com faturamento abaixo de R$ 90 milhões responderam por 81% dos financiamentos à agricultura e por 60% dos desembolsos ao setor de serviços, em 2013.

Os financiamentos do BNDES contribuíram para elevar os investimentos? O crescimento dos desembolsos foi expressivo, mas em termos reais isso ocorreu basicamente de 2007 a 2010. Descontada a inflação, os desembolsos de 2013 ainda estavam abaixo do recorde de 2010, ano crítico da atuação anticíclica do BNDES face à crise mundial.

É possível elencar três fatores que mais influenciaram os desembolsos nos últimos anos. O primeiro foi a aceleração dos investimentos em 2007 e 2008, com aumento de 3,5 pontos percentuais do PIB, ante alta de 2,3 pontos percentuais dos desembolsos do banco. Trata-se de período em que os desembolsos foram impulsionados pelo investimento em geral.

O segundo foi a entrada de grandes projetos. Na indústria, iniciou-se um processo de inversões robustas em novas plantas industriais. Siderurgia e papel e celulose foram destaques. Na infraestrutura, retomaram-se grandes projetos em energia elétrica e, mais recentemente, em logística. De 2007 a 2012, os investimentos em infraestrutura aumentaram em R$ 47 bilhões, a preços de 2011, enquanto os desembolsos do BNDES ao setor cresceram R$ 22 bilhões, alavancando outras fontes de financiamento.

O terceiro fator foi a atuação anticíclica, em 2009 e 2010. A ação foi importante para o crescimento de 21% da formação bruta de capital fixo em 2010, bem mais do que compensando a retração de 7% em 2009.

A atuação do BNDES não é livre de riscos, transcendendo os envolvidos na atividade bancária convencional. Sua missão e seus programas de ação se estendem para além da análise do crédito em si, considerando impactos sociais, ambientais, inovação, geração de empregos e outras externalidades.

Isso não significa que o BNDES não deva ser avaliado em sua efetividade. Por isso, o banco está realizando estudos internos. As avaliações externas também são incentivadas. Não se trata de querer eliminar a ideologia, mas o intuito é que o debate ganhe em objetividade.


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