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Opinião

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O estado do terror

Em 2005, quando ainda era o terrorista mais procurado do mundo, o saudita Osama bin Laden (1957-2011) mostrava-se preocupado com os métodos de um grupo iraquiano afiliado à rede Al Qaeda.

Nove anos depois, a facção rompeu com a matriz e passou a atuar de forma independente. Hoje se chama Estado Islâmico e controla pedaços do Iraque e da Síria --uma área que, segundo algumas estimativas, equivale a duas vezes o Estado do Rio de Janeiro.

Bin Laden, é claro, não tinha pruridos humanitários. Considerava, no entanto, que a organização perderia apoio popular se continuasse explodindo mesquitas frequentadas por muçulmanos xiitas e assassinando crentes que, embora sunitas como os radicais, não seguissem à risca as recomendações de seus líderes religiosos.

Popularidade era vital. Tratava-se não só de garantir o fluxo de doações mas também, e sobretudo, de assegurar seu objetivo último: governar o mundo muçulmano com base na lei islâmica, sem nenhuma interferência do Ocidente.

Para atingir tal meta, a Al Qaeda tinha como estratégia principal ataques que infligissem danos a civis nos EUA e na Europa. Ao arquitetar o 11 de Setembro, Bin Laden imaginava que forçaria os americanos e seus aliados a um processo de retirada do Oriente Médio.

Foi diametralmente oposta a reação do governo de George W. Bush. Duas longas e custosas incursões bélicas foram deflagradas no Iraque e no Afeganistão, num esforço nomeado Guerra ao Terror.

Se teve algum êxito em conter a atuação da Al Qaeda --a perseguição a Bin Laden só terminou em abril de 2011, no primeiro mandato de Barack Obama--, o empreendimento de guerra norte-americano fracassou em diversos sentidos.

A presença de militares ocidentais naqueles países alterou a dinâmica dos movimentos extremistas, que abdicaram de mirar territórios inimigos e passaram a combater as tropas nos locais em que atuavam, acelerando a campanha pela imposição da lei islâmica na região.

É o que tem feito o Estado Islâmico, beneficiado ainda por anos de um governo xiita hostil à população sunita no Iraque e pela guerra civil que desestabiliza o regime de Bashar al-Assad na Síria. Comandada por Abu Bakr al-Baghdadi, de quem pouco se sabe, a milícia diz ter formado um califado.

Não será fácil conter seu avanço. Escaldado pelos resultados indesejados da intervenção de Bush, o governo Obama ainda não definiu como agirá diante desse novo estado do terror. As atrocidades já conhecidas, porém, tornam premente a discussão de estratégias pela comunidade internacional.


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