Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Santa Casa sob exame

Os primeiros resultados da auditoria que o governo do Estado faz da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo sugerem que os graves problemas orçamentários enfrentados pela entidade filantrópica decorrem antes de deficiências administrativas, talvez até fraudes, do que da carência de recursos.

Não era o que davam a entender os dirigentes do hospital, cuja crise atingiu o ápice em julho. Na ocasião, o pronto-socorro da instituição, um dos principais do país, ficou fechado por quase 30 horas. O motivo teria sido a falta de verba para comprar medicamentos e materiais como seringas e agulhas.

A fim de restabelecer o funcionamento, o governo estadual liberou R$ 3 milhões em caráter emergencial e condicionou o aporte de mais dinheiro ao exame das contas da Santa Casa. Descobriram-se, nesse processo, inúmeros problemas.

Um deles está no hospital central, que em 2013 recebeu R$ 180 milhões para atendimentos de média e alta complexidade. Ao final do ano, os gastos com a rubrica ficaram em R$ 139 milhões, mas não por méritos gerenciais. A sobra refere-se a serviços que, embora tivessem sido contratados pelo Estado, não foram prestados.

O que foi feito desses R$ 41 milhões não se sabe, embora as explicações sejam devidas.

A ineficiência, aliás, parece ser uma marca da gestão da Santa Casa, a julgar por documento da auditoria que identificou baixa produtividade em diversos setores.

Os atendimentos realizados no ano passado pelo hospital central, por exemplo, equivalem a um terço da média de atendimentos dos 47 hospitais de ensino conveniados ou vinculados ao SUS no Estado. Proporção semelhante se verifica no cálculo de consultas diárias por sala, entre outros indicadores.

Não bastasse o quadro preocupante, reportagem desta Folha constatou que dois diretores da entidade receberam R$ 100 mil da empresa Logimed, a título de consultoria. A circunstância é no mínimo suspeita, já que se trata da principal fornecedora de remédios e suprimentos para a Santa Casa.

Apesar de negarem irregularidades, os dirigentes pediram demissão dias depois da notícia.

Com as auditorias em curso, além das investigações feitas pelo Ministério Público, espera-se que a sociedade tenha um diagnóstico mais preciso dos males que afetam essa entidade filantrópica. Simplesmente dar mais dinheiro não parece ser o melhor remédio.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página