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Novos planos

O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou uma nova estratégia militar para o país, que prevê cortes de verbas, redução do contingente das Forças Armadas, menor ênfase nas guerras de longa duração em terra e maior atenção à Ásia e ao Pacífico.

A cena montada para o evento, na qual Obama aparecia ladeado pelo seu secretário da Defesa, Leon Panetta, e por comandantes militares, ilustrou com propriedade a síntese advogada pelo presidente em sua mudança de diretriz.

Panetta havia sido diretor do escritório de Orçamento e Administração no governo do democrata Bill Clinton (1993-2001), que levou a cabo uma política eficaz de controle de gastos públicos. Ele assumiu o comando militar no ano passado, já com o objetivo de realizar o corte anunciado.

Cerca de US$ 450 bilhões devem ser retirados dos orçamentos da Defesa na próxima década. Nada que ameace o status de única superpotência militar dos EUA, que apenas em 2010 destinou US$ 690 bilhões ao setor -mais do que a soma, no mesmo ano, dos gastos bélicos das dez maiores potências militares seguintes. Também está prevista a redução do contingente do Exército, nesse período, dos atuais 570 mil homens, para 490 mil.

As novas diretrizes, voltadas para a contenção do poderio chinês no Pacífico e das ameaças representadas por Irã e Coreia do Norte, respondem a preocupações estratégicas do país e, ao mesmo tempo, às restrições econômicas e pressões por redução do deficit público.

Retoma-se, de certa forma, a linha traçada pelo ex-secretário da Defesa Donald Rumsfeld, ideólogo conservador que, no início do governo de George W. Bush, defendia Forças Armadas mais enxutas e eficazes, com maior uso de operações de contrainteligência, intervenções pontuais de grupos de elite e investimentos em tecnologia.

A história demonstra, no entanto, que as enormes variações do gasto militar dos EUA em relação ao PIB respondem em geral a eventos imprevistos, que escapam aos grandes planejamentos decenais.

Foi assim na Segunda Guerra, quando o orçamento militar chegou a representar 43% do PIB, caindo em seguida para cerca de 6% e voltando a subir, para 15%, em 1952, na Guerra da Coreia.

No mesmo sentido, após repetidos cortes durante o governo de Bill Clinton, os gastos com defesa chegaram a quase 3% do PIB, mas tornaram a crescer depois do 11 de Setembro.

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