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Opinião

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Ebola sem fronteiras

A confirmação do primeiro caso de ebola nos Estados Unidos ilustra bem o quanto podem ser frágeis as barreiras sanitárias dos países, inclusive dos mais desenvolvidos.

O paciente infectado chegou a procurar um hospital em Dallas assim que se manifestaram os primeiros sintomas da doença, mas foi mandado de volta para casa, mesmo tendo informado que chegara havia pouco da Libéria.

Tal despreparo, verificado na maior potência ocidental, só reforça a sensação de que a epidemia não tem recebido atenção compatível com sua gravidade. Não se trata de problema restrito a este ou àquele país; a comunidade internacional como um todo vacila diante da tragédia que se desenrola no oeste da África.

Têm sido insuficientes os esforços mundiais no enfrentamento do surto, que já infectou mais de 7.000 pessoas, deixando cerca de 3.350 mortos. De acordo com Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, esses números ainda devem crescer antes de o quadro melhorar, apesar do trabalho da entidade.

Nos piores cenários, modelos matemáticos projetam que, dada a taxa atual de disseminação do vírus na África, poderão ocorrer centenas de milhares de novas contaminações até o fim de 2014.

Tal multiplicação, assustadora em si, traz um risco extra: quanto mais tempo o ebola continuar se replicando em seres humanos, maior é a chance de que se torne mais contagioso. Não se descarta que o vírus, hoje transmissível apenas pelo contato com fluidos corporais, sofra mutações que permitam sua propagação pelo ar.

Embora seja improvável que isso ocorra, o mundo não deveria pagar para descobrir até que ponto vai a capacidade de adaptação do ebola.

São, de todo modo, muito prováveis --e reais-- os efeitos econômicos da epidemia. O Banco Mundial calcula que o PIB da Libéria encolherá cerca de 5% neste ano. Em Serra Leoa, o crescimento previsto de 11% seria reduzido para 2%.

Contrações dessa magnitude prejudicam qualquer país, mas são devastadoras em nações já paupérrimas --e também por isso a comunidade internacional deveria agir.

O Brasil, que no governo Lula aproximou-se da África, tem sido particularmente omisso. Prometeu contribuir com US$ 400 mil, enquanto a China anunciou doação de US$ 36 milhões, e a Índia, de US$ 12 milhões --para nada dizer dos US$ 175 milhões dos EUA.

Seria bom se o cálculo diplomático de outrora impulsionasse maior ajuda humanitária, à altura da projeção que o país quer ter.


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