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Opinião

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Vinicius Mota

Viva a velha política

SÃO PAULO - A democracia de massas no Brasil é um experimento recente demais para produzir padrões de comportamento, seja dos eleitores, seja dos eleitos. Esta, afinal, é apenas a sétima votação em sequência para presidente da República.

Ainda assim, pela sexta ocasião consecutiva, o primeiro turno termina com um candidato do PT e outro do PSDB polarizando a disputa pelo Palácio do Planalto. Novamente, nenhum dos dois partidos isoladamente terá cadeiras suficientes no Congresso para formar maioria.

Qualquer um que triunfe no dia 26 de outubro terá de fazer acordos com várias siglas, oferecer-lhes cargos e verbas e ceder-lhes poder decisório para governar. A velha política, para usar um termo difundido e impreciso, continuará a dar as cartas.

Mas cogite, leitor, de uma hipótese alternativa. Imagine se o PT ou o PSDB tivessem o condão de conquistar, de uma só tacada, a Presidência e a maioria dos assentos na Câmara dos Deputados e no Senado.

Que margem de ação incontrastável teria um mandatário investido de tamanho poder no Brasil, onde a Presidência já goza de prerrogativas alargadas, como a de comandar a execução do Orçamento. Em que estorvo poderia transformar-se esse pequeno czar para o equilíbrio entre os Poderes da República.

Talvez o debate público no Brasil ainda precise amadurecer na crítica às vezes pueril ao multipartidarismo e ao escambo entre as agremiações e o chefe do Executivo. Se esse modo de exercer o governo alimenta o clientelismo e a corrupção --o que requer instituições fortes de controle como anteparo--, também ajuda a desestimular os voluntarismos cesaristas, sempre latentes no Planalto.

A vitória de mais do mesmo no primeiro turno não deixa de ser uma resposta sóbria à visão maniqueísta e perigosa da política que ganhou as ruas nas chamadas jornadas de junho de 2013 e foi encarnada pela postulação fracassada de Marina Silva.


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