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Vento favorável

O governo brasileiro obteve, na semana passada, um empréstimo internacional a uma das menores taxas de juros da história. Trata-se de uma indicação de que o país goza de bom crédito num momento de turbulência internacional.

É verdade que as baixas taxas de juros no mundo desenvolvido ajudam a reduzir os custos para o Brasil. Ainda assim, dadas as incertezas generalizadas, a captação brasileira foi bem-sucedida.

Essas operações governamentais servem como uma espécie de piso ou referência para captações do setor privado. O sucesso do governo brasileiro foi, portanto, uma boa notícia para grandes empresas e bancos, que, na sequência, foram ao mercado e obtiveram bons resultados.

Note-se, ademais, que o país, por ora, não tem enfrentado dificuldades para financiar suas contas externas. As exportações de matérias-primas, com cotações em alta, resultaram num surpreendente saldo da balança comercial.

E o deficit nas demais operações externas tem sido coberto com folga pela entrada de investimentos estrangeiros.

É uma nova realidade para o país, acostumado aos sobressaltos causados por crises cambiais e pesados deficit nas contas externas.

No entanto é forçoso observar que essa tranquilidade pode ser tão excepcional ou transitória quanto as condições econômicas internacionais que propiciam a bonança.

O grande mercado brasileiro é, sem dúvida, atraente, e o país cresce mais que o estagnado mundo desenvolvido. A economia brasileira, entretanto, mostra-se dependente em demasia da demanda chinesa por matérias-primas. A situação das contas públicas é de equilíbrio precário e o modelo de crescimento atual baseia-se mais em consumo do que em investimento -o que é insustentável no médio prazo.

Um desarranjo maior na economia mundial, em especial na China, ou os efeitos colaterais do excesso de consumo podem tirar a economia dos trilhos por muitos anos. Sem reformas institucionais, produtivas e educacionais, o Brasil precisará contar com a sorte de ser bafejado por bons ventos internacionais.

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