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Claudia Antunes A um passo da xenofobia RIO DE JANEIRO - Escaldado pelos brasileiros deportados de Madri sem justificativa plausível, o país se juntou em 2008 à reação regional à Diretiva de Retorno da União Europeia, que endureceu o tratamento a imigrantes em situação irregular. O Mercosul aprovou nota de repúdio. Exigiu "reciprocidade" pelos imigrantes europeus do passado e prometeu "lutar contra qualquer forma de racismo, discriminação, xenofobia". Na abertura da Assembleia Geral da ONU naquele ano, Lula disse que "muitos dos que pregam a livre circulação de mercadorias e capitais são os mesmos que impedem a livre circulação de homens e mulheres". É uma contradição, portanto, que o governo Dilma comece a ceder aos que demonstram pelos haitianos recém-chegados à região Norte a mesma intolerância condenada nos dirigentes da Europa. Fala-se com exagero numa "invasão", quando o número de imigrados é de cerca de 4.000. Na região, o assunto é usado na campanha eleitoral deste ano. O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) sugeriu à Rádio Senado que parte dos autorizados a ficar poderia estar ligada ao narcotráfico. Antes das restrições anunciadas anteontem, a Secretaria de Direitos Humanos prometera "acolher com humanismo" os que chegassem. O "New York Times" espantou-se porque os haitianos recebiam vacina, água e duas refeições diárias. O tráfico de pessoas deve ser combatido, para evitar mortes como as já ocorridas aos milhares no deserto entre os EUA e o México. Mas o anúncio de deportação dos que chegarem sem visto precisa ser esclarecido. Não pode, por exemplo, impedir a reunião de famílias. É verdade, como se repete, que temos nossas próprias carências. Em 2010, porém, 44 mil estrangeiros ilegais se beneficiaram de uma anistia aprovada pelo Congresso e não consta que tenham causado prejuízo ao país. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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