Painel do Leitor
A seção recebe mensagens por e-mail (leitor@uol.com.br), fax (0/xx/11/3223-1644) e correio (al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900). A Folha se reserva o direito de publicar trechos.
-
Medicina USP
Surpreendente e, ao mesmo tempo, esclarecedor o artigo do estudante da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), ao relatar a existência de um código de silêncio imposto aos alunos diante dos malfeitos cometidos dentro de seus campi ("A face oculta da medicina", Tendências/Debates, 13/11). Impressiona a possível existência de uma "irmandade" que teria um duvidoso código de ética baseado no acobertamento, semente que germinará no nocivo corporativismo médico, que impõe um código de silêncio sobre os malfeitos cometidos pelos colegas na atividade profissional.
ÂNGELA LUIZA S. BONACCI (Pindamonhangaba, SP)
-
O Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, da FMUSP, diante das novas "denúncias de abuso, gostaria de se solidarizar com as vítimas e ressaltar que mantém a sua postura de apoio a todas as instâncias de apuração e sindicância. Já tomamos medidas para aumentar a segurança em nossas festas" e apoiamos a criação do Centro de Defesa dos Direitos Humanos. Reforçamos que a maioria absoluta dos alunos exercita diariamente o convívio saudável em nosso campus e não merece ser alvo de generalizações. Continuamos abertos ao diálogo com todos.
MURILO GERMANO, estudante da FMUSP e presidente Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (São Paulo, SP)
-
A FMUSP, na qual me graduei há 40 anos, tem hoje características diferentes das que a guindaram à excelência. Nas últimas décadas, alguns concursos de professores titulares têm prescindido de lisura e imparcialidade e feito ascender lentes cujos interesses e sofreguidão pelo poder se sobrepõem ao comprometimento com ensino, pesquisa e assistência. Impera um corpo docente com componentes não identificados com a instituição, da qual tiram proveito próprio sem aproximação com os estudantes. A despersonalização da escola fez perecer a luz, que deixou de iluminar os alunos atuais, e estes, perdidos, levaram a FMUSP à execração pública em que ora se vê enredada.
PAULO TAUFI MALUF JUNIOR, professor livre-docente em pediatria pela FMUSP (São Paulo, SP)
Saúde pública
O artigo "Cartel é prejudicial à saúde" (Tendências/Debates, 13/11) apresenta quadro distorcido do cenário econômico do sistema de saúde; tenta colocar médicos como praticantes de cartéis, quando na verdade são vítimas de modelo que visa ao lucro via exploração de seu trabalho. Planos de saúde cobram muito caro dos pacientes e remuneram mal prestadores credenciados. Pacientes sofrem enormes dificuldades de acesso, enquanto médicos fecham consultórios pela baixa remuneração que os inviabiliza. A correlação de forças é desfavorável aos médicos, que são obrigados a aceitar contratos sem o necessário equilíbrio financeiro caso queiram permanecer no sistema. Via de regra, ao fim do ano o balanço financeiro traz lucros bilionários.
FLORISVAL MEINÃO, presidente da Associação Paulista de Medicina (São Paulo, SP)
Carteirada
No caso do juiz autuado por uma agente de trânsito que verificou que ele estava sem carteira de habilitação e que seu veículo estava sem placas nem documentos, a inversão de valores é vergonhosa. Ainda mais tendo o tribunal confirmado a decisão ("TJ do Rio mantém condenação de fiscal de trânsito que barrou juiz", "Cotidiano", 13/11)!
TSUNETO SASSAKI (São Paulo, SP)
-
A agente precisava apenas saber o procedimento legal para abordagem da autoridade judiciária. Pela Lei Orgânica da Magistratura, nenhum juiz pode sofrer intimação de autoridade administrativa. Quando a autoridade é encontrada em situação irregular no trânsito, os agentes devem lavrar a ocorrência e encaminhá-la ao tribunal ao qual o juiz está vinculado, para que este abra o processo disciplinar, se assim entender. Se ela agiu de forma diferente, não há dúvida de que agiu fora de sua competência legal e, óbvio, abusou do poder.
GRAZIELA COLARES (Belém, PA)
-
Não sou mais ateu. Deus existe. Está comprovado. E veste toga.
ADILSON DE ALMEIDA VASCONCELOS (Brasília, DF)
-
Num país em que as corporações estão acima da cidadania e dos direitos constituídos por lei, leva-nos à crença de que a frase de Charles de Gaulle ("O Brasil não é um país sério") encontra ecos profundos na nossa sociedade. Tanto o tribunal do Rio, ao condenar por unanimidade a agente de trânsito, quanto o governo federal, ao usar o jeitinho brasileiro para desculpar a farra com o dinheiro público, passam a impressão de que o certo é nunca cumprir com suas obrigações e responsabilidades. A conta sobra para os cidadãos de bem, que não têm mais a quem recorrer.
ORSON MUREB JACOB (Assis, SP)
Enem
Nós, sabatistas, precisamos ser ouvidos. Nossas religiões consideram o período sabático sagrado, por isso esperamos até as 18h para realizarmos o Enem. É imprescindível que a conciliação dos nossos princípios com o crescimento acadêmico seja assegurada pela classe política com a retirada do exame do sábado.
LEONARDO RIBEIRO FRAGA LIMA (Salvador, BA)
Colunistas
Sou assinante e me surpreendeu o afastamento de Fernando Rodrigues e Eliane Cantanhêde. Como leitor assíduo, vejo tal fato como um empobrecimento da coluna. Leio religiosamente todos os colunistas do dia. Espero que as perdas parem por aí.
JOSÉ EMIDIO BORGES DE SOUZA, adventista (Salvador, BA)
-
Lamentável a saída de dois dos mais destacados colunistas da Folha, Eliane Cantanhêde e Fernando Rodrigues. O jornal vem empobrecendo bastante.
GERSON RIBEIRO (Belo Horizonte, MG)