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Guerra secreta

São fortes os sinais de que adversários do governo iraniano movem uma guerra secreta contra as pretensões nucleares do país persa, lançando mão de ações de sabotagem e assassinatos seletivos.

O atentado que matou, na quarta-feira, o cientista Mostafa Ahmadi-Roshan foi o mais recente de uma série que já eliminou, desde 2007, cinco funcionários ligados ao programa atômico do Irã.

A morte de Ahmadi-Roshan ocorre menos de dois meses após uma explosão que tirou a vida de um general e de 16 pessoas numa base de mísseis daquele país.

As suspeitas voltam-se, obviamente, para os Estados Unidos e, sobretudo, para Israel, país que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, gostaria, segundo declarou, de "varrer do mapa".

Enquanto o governo dos EUA negou participação no incidente, autoridades israelenses reagiram de maneira ambígua. O porta-voz militar Yoav Mordechai disse numa rede social que desconhecia o responsável pelo atentado, mas acrescentou que não derramaria "nenhuma lágrima" pela vítima.

Ouvidos pelo jornal "The New York Times", analistas e funcionários do governo norte-americano consideram que está, de fato, em curso uma campanha oculta para tentar dissuadir o Irã de construir um artefato nuclear. E a estratégia tem defensores.

Na opinião de Patrick Clawson, por exemplo, um dos diretores do Instituto Washington para Políticas do Oriente Médio (que reúne entre seus conselheiros ex-secretários de Estado, como Henry Kissinger e George P. Shultz), "sabotagem e assassinato" seriam "o caminho a seguir", pois não provocariam reações nacionalistas e favoreceriam um eventual recuo.

O atentado aumentou ainda mais as tensões entre o Irã e as potências ocidentais, que, sob a liderança dos Estados Unidos, vêm impondo sanções econômicas ao governo de Ahmadinejad. O próximo passo dessa política é o boicote total às exportações de petróleo.

Os EUA prometem retaliar instituições financeiras que negociem com o banco central iraniano, enquanto a União Europeia prepara-se para decidir, em reunião prevista para o fim do mês, sua participação no boicote ao petróleo.

É difícil crer que o Irã abra mão de seus propósitos. Resta saber que custo o mundo ocidental, já abalado por graves incertezas econômicas, está disposto a pagar para tentar retardar o que parece inevitável.

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