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Ruy Castro

As piores verdades

RIO DE JANEIRO - O sistema de indicação dos candidatos às eleições presidenciais nos EUA é ótimo. Em cada partido, os pré-candidatos começam a surgir, confiando na força de suas bases -políticas, regionais, empresariais, financeiras, junto aos intelectuais, às etnias, às minorias, às mulheres, à mídia etc. Mas, logo, quase todos vão caindo, derrubados por acusações de corrupção, incompetência, assédio sexual, ignorância geográfica, tendência a gafes, carisma zero ou borocoxice generalizada.

Dois deles sobrevivem a esse tiroteio e vão para as convenções que determinarão qual enfrentará o bonitão do partido adversário -que, quase sempre, é o presidente dos EUA, se este estiver apto a disputar a reeleição. E por que sobraram aqueles dois? Porque seus adversários estavam ocupados comendo-se uns aos outros e não descarregaram o chumbo verdadeiramente grosso sobre eles.

Os ex-candidatos se reagrupam em torno de um ou de outro litigante, e aí é que a roupa vai mesmo para a corda. Neste momento, os republicanos assistem ao pesado arranca-rabo entre Newt Gingrich e Mitt Romney, dos quais só um sairá vivo para enfrentar o presidente Obama.

Quando um deles diz ou comete uma besteira, os acólitos do outro salivam e exploram a mancada para destruí-lo junto aos eleitores. Vale tudo, exceto xingar a mãe. Gingrich e Romney quase nunca tomam parte pessoalmente no bate-boca, para que aquele que perder a indicação possa, se for o caso, apoiar o vencedor sem precisar se desdizer perante o eleitorado. Noblesse oblige.

No Brasil, isso não é necessário. Aqui, nos palanques, os candidatos dizem as piores verdades um sobre o outro. Dois anos depois, esquecidas as eleições, vencedor e vencido são vistos aos abraços. Campanha é uma coisa; política, outra. E nenhuma é para valer.

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