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Europa rebaixada

Redução da nota de crédito de economias europeias e interrupção das negociações sobre a dívida grega agravam cenário na zona do euro

Na quinta-feira passada, autoridades europeias se congratulavam pelos "sinais incipientes de estabilização" das suas finanças.

No dia seguinte, a nota de crédito da segunda maior economia do euro, a França, foi rebaixada, ao lado da de outros países. Também foram interrompidas as negociações entre governo da Grécia e banqueiros sobre a redução da dívida pública e, por fim, o Banco Central Europeu criticou a primeira versão do novo pacto fiscal da região, ainda em debate.

A sensação de alívio que se sentia na virada do ano deveu-se em grande parte ao quase meio trilhão de euros que o BCE emprestara aos bancos europeus, no mês de dezembro.

O auxílio ajudou a dissipar os temores de que o mercado interbancário entrasse em colapso. Bancos evitavam conceder financiamentos uns aos outros, enquanto reduzia-se de maneira severa a compra de papeis dessas instituições financeiras.

Era tamanho o desalento que, em novembro, chegaram a circular rumores a respeito de uma secessão da união monetária.

A injeção maciça de dinheiro do BCE, ao evitar o risco de quebra dos bancos, amainou a impressão de ruptura iminente. Os problemas de fundo, entretanto, permaneceram.

Alguns países reconhecidamente não têm como pagar suas dívidas -a Grécia, pelo menos. Outros deverão refinanciá-la com apoio de instituições multilaterais por ainda muito tempo -caso de Portugal e Irlanda. E serão necessários novos recursos para evitar que países como a Itália acabem ficando descobertos.

A degradação do crédito francês, os rebaixamentos das notas e as dificuldades de organizar o calote grego são um lembrete de quão difícil é a agenda da reconstrução das finanças públicas europeias.

A França é a segunda maior fiadora do fundo europeu voltado para o socorro a governos em apuros. Reduzida a sua nota de crédito, o mesmo deverá ocorrer com a nota do fundo, que capta recursos no mercado a fim de reemprestá-los aos países em dificuldades.

Uma graduação mais baixa poderá reduzir os recursos disponíveis ou elevar as taxas de juros dos empréstimos. O teste definitivo será o interesse que o mercado irá demonstrar pelos papéis do referido fundo.

A sexta-feira, 13, foi, portanto, de infortúnios para a União Europeia. As incertezas aumentaram em todas as áreas. É difícil prever como este cenário irá evoluir. Por mais que as autoridades do continente venham agindo para adotar medidas emergenciais e impor racionalidade ao processo de recuperação, aumentam os riscos de novos desajustes.

As lideranças políticas do continente precisarão agir com presteza e determinação para acalmar os mercados e manter o controle.

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