Drama grego
Não há "plano B", afirmaram nesta semana as autoridades que representam os credores do governo grego: Alemanha, FMI, Banco Central Europeu e mesmo comissários da União Europeia menos refratários às demandas da Grécia.
Isto é, a fim de continuar recebendo as parcelas do empréstimo negociado em 2012, o governo comandado pela nova esquerda, o Syriza, terá de apresentar um projeto de mudanças destinadas a aumentar a eficiência da economia e a capacidade de pagamento de sua dívida, contendo gastos públicos e elevando impostos.
O FMI não aceitará atraso nos pagamentos. Mais um teste decisivo ocorrerá em 12 de maio, próximo vencimento de parcela da dívida.
Grosso modo, não se resolveu o impasse das negociações de fevereiro, que quase provocou o rompimento de Atenas com a União Europeia. A diferença agora é que a Grécia está perto da penúria. Caso não receba parte do dinheiro, avalia-se que o governo ficará inadimplente a partir de maio, no mais tardar até agosto.
O efeito material imediato seria a suspensão dos recursos que o BCE repassa aos bancos gregos --os quais, assim, quebrariam.
A fim de evitar o colapso econômico decorrente, o governo teria de controlar a saída de capitais e logo financiar seus bancos. Sem fundos para tanto, seria obrigado a recorrer ao equivalente a imprimir dinheiro, o que apenas pode fazer se voltar a adotar moeda própria.
O calote, portanto, é a porta de saída do euro e de reentrada no tumulto econômico, desta vez agravado por uma grande inflação.
O governo do Syriza tergiversa e posterga a apresentação de um plano de reformas liberais porque foi eleito com a promessa de dar cabo de tais mudanças e, ademais, denunciar a dívida e o acordo que evitaram o colapso financeiro final do país a custos sociais altíssimos.
Dado o impasse e suas consequências críticas, o premiê Alexis Tsipras passou a considerar a hipótese de aceitar os termos de uma rendição condicional à ora inflexível atitude de seus credores.
Tsipras pretende se afastar da ala esquerda do partido; seus auxiliares ventilam a possibilidade de realizar um plebiscito no intuito de obter apoio para o plano de reformas exigido pelos credores.
Em outras palavras, o Syriza parece planejar uma moratória para suas promessas de campanha.