Painel do Leitor
Petrolão
A leitora Vilma Amaro, ao comentar a prisão de Vaccari e ao afirmar "ser o PT o alvo preferido da Operação Lava Jato", lança suspeita sobre a lisura das investigações (Painel do Leitor, 17/4). Esquece que os investigados são fruto de denúncias de funcionários da Petrobras nomeados pelo PT ou por partidos da coligação que o apoia, não podendo ser surpresa não haver pessoas ligadas a outros partidos.
Sergio Nicodemos Assiz (São Paulo, SP)
O espetacular "Limites da lealdade" ("Opinião", 17/4), de Hélio Schwartsman, dá a verdadeira dimensão e sentido da "lealdade" nos dias atuais, desnudando os que invocam a expressão para defender interesses não republicanos. Foram os melhores argumentos que já li em favor das delações premiadas e dos acordos de leniência. "Não cabe ao poder público promover a ética entre os fora da lei." Fantástico.
Paulo Velten (São Luís, MA)
Corrupção
O leitor Eduardo Pizarro Carnelós, que trata como "turba" quem pensa diferentemente dele, considera "justiceiros" os juízes que querem sanear moralmente o Brasil (Painel do Leitor, 17/4). Adverte que quem os aplaude poderá, futuramente, tornar-se "o alvo dos abusos". Tais abusos, em nossa sociedade, ocorrem faz séculos. Basta ver as arbitrariedades contra quem nasceu com a cor errada, mora em favelas ou cujo saldo bancário é insuficiente para pagar advogados famosos. As prisões brasileiras são a prova empírica do que afirmo.
José Paulo Schneider (Rio de Janeiro, RJ)
Com relação à observação do senhor Paulo Roberto Leme (Painel do Leitor, 17/4), se os movimentos como o Vem pra Rua lutassem contra a corrupção, não contra o PT, incluiriam em sua pauta os inúmeros casos de corrupção de São Paulo. Mas parece que, para os paulistanos, o PSDB está acima de tudo isso.
Carlos Alberto dos Santos (São Paulo, SP)
Marta Suplicy
A Folha deveria ter trocado a coluna de Marta Suplicy ("No outro lado do rio", "Opinião", 17/4) por tirinhas do Tom e Jerry. Acredito mais na ingenuidade de um gato correndo atrás de um rato do que no bla-bla-blá dela.
Claudia Zuppo (São Paulo, SP)
Digo e repito que a Folha ganhou muito com o retorno da colunista Marta Suplicy. Não só pela política, mas pela articulista.
Ademir Valezi (São Paulo, SP)
Marta Suplicy ingressou no PT em 1981 e foi deputada, prefeita, ministra do Turismo e da Cultura e senadora pelo partido. Desde que rompeu com o PT, limitou-se a escrever sobre sua travessia. Deixa a patética impressão de que devemos dar loas a seus devaneios de heroína à beira da guilhotina, mas sua atuação mais se assemelha ao ditado sobre as ratazanas abandonando o navio que ameaça ir a pique.
Heloísa Fernandes, socióloga (São Paulo, SP)
Maioridade penal
Parabenizo Rogério Gentile pelo artigo "A hipocrisia da maioridade" ("Opinião", 16/4). Ele traduz o que pensa a maioria dos brasileiros. São absurdas as justificativas biológicas defendidas por alguns demagogos, tão bem rebatidas pelo colunista. Ele deu exemplo de ocorrências reais e definiu com muita propriedade os critérios (avaliação jurídica/psicológica) que deveriam ser adotados para punir ou não o infrator, independentemente de sua idade. A base seria sua capacidade de distinguir o certo do errado e poderíamos até entrar na discussão em relação ao limite de 16 anos proposto ao Congresso.
Mauro de Lucca (São Paulo, SP)
Rogério Gentile diz ser mais razoável adotar um princípio bio-psicológico para avaliar se o jovem tem ou não compreensão plena da gravidade de suas atitudes. A medida só criaria brecha, juntamente com tantas outras que não serviriam de nada, para jovens ricos e de famílias influentes. Deixemos a verdadeira hipocrisia de lado e tentemos de forma clara e justa dar um basta na impunidade de tantos crimes cometidos por menores de 18 anos.
Paulo Roberto Martins Thuler (Suzano, SP)
Morte
Meus parabéns à Folha pela coragem de abrir espaço para a abordagem do ato de morrer, como acontece no blog "Morte sem Tabu", de Camila Appel. Encarar a morte com naturalidade, fato irrecusável que é, dá-nos uma dimensão urgente da vida, de sua beleza e fugacidade, e o tempo passa a ser algo concreto e intenso. Impressiona-me o modo sereno como a autora discorre sobre tema tão cercado de terror e esquivas, bem como sua abrangência e objetividade, apesar de que ela não deixa de se colocar, como fez nos comoventes textos sobre o luto.
Consuelo de Castro, dramaturga (São Paulo, SP)
Greve dos professores
É desfaçatez com a educação do Estado mais rico da federação ignorar os professores grevistas, que pedem reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Categorias com nível universitário (e até sem) ganham mais que um professor. O que diz o governo? Que há quatro anos distribuiu 45% de reajuste. Se hoje o professor ganha R$ 2.416, tirem o reajuste e vejam quanto ele recebia. Uma categoria que ganha tão pouco, que se desloca para muitas escolas e que tem trabalho em casa merece mais consideração do governo e de pais e alunos.
*Mariza Bacci Zago,* professora (Atibaia, SP)
Mercado da arte
O que não foi dito no artigo de Fernanda Feitosa ("Qual o valor da SP-Arte?", Tendências/Debates, 17/4) sobre a SP-Arte dela é que o favorecimento via isenção de impostos obriga os importadores de arte a se submeterem a pagar alto pedágio para participar da feira (mínimo de R$ 60 mil), o que fere o princípio constitucional de isonomia e prejudica a quem não deseja, não pode ou é impedido pela própria feira de fazer parte dela.
Thomas Cohn, marchand (São Paulo, SP)