Painel do Leitor
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Fundo partidário
Foi muita irresponsabilidade, num momento de crise, o reajuste do fundo partidário ("Dilma aprova aumento da verba pública para partidos", "Poder", 21/4). Por coincidência, aconteceu justo quando minguou a "substancial fonte" oriunda da Petrobras devido à Operação Lava Jato.
Humberto Schuwartz Soares (Vila Velha, ES)
Se a presidente Dilma fosse uma estadista e pensasse no país, ela vetaria esse absurdo aumento e deixaria o fundo partidário zerado. Partidos e sindicatos deveriam ser como igrejas, financiados diretamente pelos seus membros, não com impostos.
Radoico Câmara Guimarães (São Paulo, SP)
Petrolão
Em relação à reportagem "Agência de publicidade sob suspeita recebeu R$ 1 bilhão" ("Poder", 21/4), esclarecemos que esse montante refere-se ao valor total investido pelos anunciantes em suas campanhas, e não ao valor recebido pela agência. Em geral, é prática de uma agência destinar cerca de 85% desse valor para os veículos de mídia. O restante é destinado à produção de campanhas, além da remuneração devida para o trabalho dos profissionais da agência. A reportagem pode deixar os leitores com a impressão de que o valor total gasto divulgado pelo cliente foi inteiramente destinado à agência, o que não é o caso.
Erica Pereira, relações-públicas da BorghiLowe (São Paulo, SP)
Mais uma vez o PT vem a público reafirmar que "todas as doações recebidas pelo partido foram feitas dentro dos parâmetros legais e declaradas à Justiça" (Painel do Leitor, 21/4). Repetida à exaustão, essa frase irrita e subestima a inteligência do povo brasileiro. A questão é outra: Se restar provado que doações recebidas tiveram origem ilegal, o PT não deve devolver e/ou ressarcir a quem de direito?
Antonio Sergio Biagiotti (Mococa, SP)
Pensei que o humorista Simão tinha mudado de lugar ao ler a "defesa" do senhor Magela, assessor da secretaria de comunicação social do PT, no Painel do Leitor. Ele afirma que o partido recebeu todas as doações dentro dos "parâmetros legais". Como vivemos no país da piada pronta, fiquei conformado, afinal estamos com carência de humoristas da verve desse cidadão.
Nélson José Feroldi (Buritama, SP)
Greve dos professores
Ao senhor Ronaldo Tenório, assessor da Secretaria de Educação de São Paulo, digo que diálogo pressupõe verdade (Painel do Leitor, 21/4). Talvez ele mesmo tenha dito, com todas as letras, em 2011, que as quatro parcelas a serem pagas (e de fato foram) reporiam a inflação acumulada até 2010. Logo, é mentira qualquer alusão a aumento real. O que de fato existe é, no mínimo, uma defasagem provocada pela inflação de 2011 para cá. A verdade sobre a educação pública paulista deve ser investigada a partir de visitas as escolas, observação dos índices obtidos em exames de desempenho e nos depoimentos de professores, pais e alunos.
José Luiz Rodrigues Vasconcellos, professor (São Caetano do Sul, SP)
Charge
Já faz algum tempo que me sinto ofendida com as charges do Laerte, mas agora ele extrapolou. Tiradentes (dentista como eu) sendo enforcado e um grito de "Vai pra Cuba" vindo da plateia que assiste à cena ("Opinião", 21/4). Como assim? Tiradentes lutou contra o governo de Portugal que abusava e oprimia, exatamente como nós que fomos para as ruas reclamar contra os abusos do governo da presidente Dilma e dos escândalos do PT.
Elizabeth Manguino (São Paulo, SP)
Genial, sob todos os aspectos, a charge do artista Laerte. Valeu por um artigo de fundo. Fiquei imaginando Joaquim José da Silva Xavier, nos dias atuais, lutando em prol do Brasil contra os interesses da coroa. Qual seria a reação de boa parte da classe média, alfabetizada politicamente via Facebook? Certamente, Tiradentes seria tachado de comunista a serviço de Cuba, e, com o apoio da imprensa reacionária, muitos iriam para as avenidas, com faixas e carros de som, exigindo, no mínimo, que ele fosse enforcado uma segunda vez.
Edson José De Senne (Ribeirão Preto, SP)
Alzheimer e sexo
Sobre a reportagem "Idoso é preso após sexo com a mulher doente" ("Saúde", 21/4), sabemos, e falo por experiência vivenciada na família, que o Alzheimer arrasa com a cognição, impede as pessoas de exercerem atividades cotidianas e as deixa numa situação de perda da dignidade, mas sabemos também que o afeto e o contato são as últimas sensações perdidas. Que belo saber que alguém recebeu esse afeto até o final da vida. Os filhos que denunciaram o marido deveriam mudar o foco. A liberdade do amor é o essencial da vida. Fica também a beleza do olhar da assistente social da clínica, que captou a alegria da idosa a cada visita do marido. Isso, sim, é respeito à dignidade humana.
Fátima de Oliveira Micheletti (Santos, SP)
Rosely Sayão
Compreendi a insistência Rosely Sayão no adequado argumento de que comportamentos agressivos no início da vida (mordeduras, chutes) não constituem o que ela denominou "agressividade no mau sentido" ("Ajuda no lugar de acusação", "Cotidiano", 21/4), mas o esforço dos pais é para ajudar os filhos a controlar seus próprios impulsos e a aprender a reconhecer e se preocupar com os outros desde cedo. Há comportamentos agressivos na infância precoce e há muito a ser feito por pais e professores para inibir essa impulsividade inata. Estamos lidando com a formação emocional e moral das crianças e dos futuros adultos.
Álvaro Jorge Madeiro Leite, professor titular de pediatria da Universidade Federal do Ceará (Fortaleza, CE)
Alfredo Volpi
Como antigo "volpista", todo apoio à reportagem "Os caçadores de Volpis perdidos" ("Ilustrada", 21/4), que divulgou a busca pelo acervo dos quadros de Volpi desaparecidos, empreendida por Marco Antonio Mastrobuono e seu filho Pedro. A análise crítica de Fabio Cypriano ("Quadros centrais da carreira do pintor voltam ao acesso do público") é também louvável.
Luiz Ernesto Kawall (São Paulo, SP)