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Nunca a Infraero investiu tanto quanto em 2011. Mas esse gasto de R$ 1,145 bilhão não foi suficiente para começar a desafogar os aeroportos mais congestionados.

Das 16 instalações prioritárias para a Copa de 2014, seis -Guarulhos, Congonhas, Santos Dumont, Brasília, Campinas e Cuiabá- ainda tiveram embarques e desembarques acima de sua capacidade, com evidente prejuízo para o conforto e a segurança dos usuários.

A precariedade só não se revelou ainda mais grave porque, como reflexo da perda de impulso da economia, o ritmo de alta da demanda arrefeceu. Depois de saltar 22% em 2010, os embarques e desembarques fecharam 2011 com expansão de 15,5%.

A direção da Infraero aponta a ausência de caos aéreo no final do ano como suposta evidência de que foram adequados os investimentos. Entre as alegadas realizações figuram os terminais provisórios, menos confortáveis e teo-ricamente fadados à desativação.

Cabe indagar, no entanto: o que teria ocorrido se o movimento de passageiros não tivesse aumentado mais devagar? E, mais ainda, quanta segurança se pode ter, a apenas dois anos e meio da Copa do Mundo, de que até lá o grave gargalo logístico estará superado?

O governo da presidente Dilma Rousseff, que de início descartava abrir espaço para maior participação privada na resolução da crise dos aeroportos, em junho do ano passado rendeu-se à necessidade de admitir que ao menos alguns aeroportos sejam licitados. Somente no dia 6 de fevereiro, contudo, após oito meses, deverá realizar-se o primeiro leilão de concessão, que envolverá os aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília.

Trata-se das três unidades mais lucrativas do sistema aeroportuário do Brasil. Mesmo assim, o governo federal estendeu a mão do BNDES para financiar até 80% dos projetos, num total de R$ 5,3 bilhões, com juro máximo de 10,5% anuais e prazos de 15 a 20 anos.

A contrapartida para os consórcios é levar na bagagem a participação compulsória -entre 45% e 49%- da Infraero. Justamente o agente responsável pelo fato de a eficiência do setor aeroportuário ainda se encontrar no chão.

Se as condições do leilão se revelarem incapazes de atrair parceiros privados para turbinar o choque de gestão e investimento que a crise dos aeroportos ainda demanda, os dois anos e meio até a Copa serão insuficientes para fazer decolar qualquer alternativa. E a improvisação custará caro ao país.

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