Painel do Leitor
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Quintal do Planalto
A Chácara Santa Luzia é retratada como sendo um quintal --miserável-- do Planalto, a área mais rica do país ("Favela cresce a 17 km do Palácio do Planalto", "Cotidiano", 1º/6). Na realidade, todas as cidades-satélites, que circundam a Ilha da Fantasia, são também quintais do Planalto, pois abrigam os empregados que servem às elites, os moradores de Brasília. Se os quintais próximos estão assim, imagine os mais distantes.
Nelson Carvalho (São Paulo, SP)
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O governo dizia numa extensiva campanha publicitária que "país rico é país sem pobreza" e, a apenas 17 km do Palácio do Planalto, cerca de 12 mil pessoas vivem na extrema miséria. Vemos mais uma vez que tudo não passou de propaganda criada por marqueteiros que se preocupam somente em ganhar eleições enquanto muitos brasileiros continuam a viver em bolsões de pobreza e em condições sub-humanas. A mentira tem perna curta.
Claudir José Mandelli (Tupã, SP)
Oposição
Ao ler a coluna "Crise social" ("Opinião", 1º/6), de Aécio Neves, fico de alma lavada ao ver que ele, novamente, não apresentou proposta alguma aos graves problemas que o Brasil enfrenta. A redução dos ministérios, proposta por Aécio, é inócua como cortar cabelo para perder peso, como diria Elio Gaspari. O desespero do colunista e a falta de ideias e de um programa de governo mostram como a saudade do poder o desidrata, já que ele e seu partido não apresentaram, até agora, alternativas às medidas adotadas pelo governo Dilma Rousseff, seis meses depois das eleições.
Wilson Domingos da Costa (São Paulo, SP)
Onda conservadora
Queixa-se Chico Alencar de uma "onda conservadora" na Câmara dos Deputados por uma suposta superficialidade da percepção da razão dos fenômenos sociais ("O império do senso comum", Tendências/Debates, 1º/6). Esquece que, depois de 12 anos de "socialismo" do PT, com a quebra econômica, moral e administrativa do Brasil, as teses defendidas pela esquerda mostraram seu fracasso e daí a resposta dita "conservadora". A sociedade está cansada de tanto blá-blá-blá e está respondendo que o verdadeiro "bom senso" é o conservadorismo, não as teses utópicas ditas progressistas que não deram certo.
Ulf Hermann Mondl (Florianópolis, SC)
Minha Casa Minha Vida
De acordo com o presidente do Secovi-SP, a inadimplência no programa Minha Casa Minha Vida na faixa de menor renda já era esperada ("Cresce calote no Minha Casa Minha Vida", "Folhainvest", 1º/6). Entretanto é curioso um cidadão que adquire um imóvel não conseguir pagar prestações de R$ 25 a R$ 80. Como o governo não pode tomar a posse desses moradores, por ser único imóvel e contrariar o programa habitacional, torna-se cômodo dever para o governo, onerando os cofres públicos, e a consequência pode ser o aumento dos juros nas faixas superiores para bancar o rombo.
André Schiavolin (Americana, SP)
Passeio de bicicleta
Num momento em que só se escuta falar de facadas em ciclistas, a presidente Dilma aparece nos jornais andando de bicicleta, lépida e faceira nas imediações do Palácio da Alvorada ("Dilma passeia de bicicleta com seguranças ao redor do Palácio da Alvorada", "Poder", 31/5). Até parece que ela está querendo debochar de nós, pobres mortais, que estamos presos em casa porque a segurança no Rio está simplesmente ridícula. Não há pior hora para Dilma aparecer por aí andando de bicicleta.
Mário Negrão Borgonovi (Rio de Janeiro, RJ)
Design
Parabéns pela entrevista com o designer Philippe Starck ("'Elitismo é uma vulgaridade', diz designer", "Ilustrada", 1º/6). Apesar de sua arrogância costumeira, de se colocar como pioneiro na descoberta do valor simbólico dos objetos, o verdadeiro pai da semiótica foi Saussure, que teve ilustres seguidores como Lévi-Strauss, Roland Barthes, Umberto Eco e tantos outros, bem antes de ele ter nascido. Mas é sempre interessante saber como ele pensa, mesmo revelando suas contradições. Ele possui grande mérito, é extremamente criativo e um verdadeiro ícone do design.
Suzana M. Sacchi Padovano, mestre em desenho industrial (Santana de Parnaíba, SP)
Acordo ortográfico
De pleno acordo com Gregorio Duvivier: a recente reforma ortográfica é a coisa mais inútil e despropositada que já vi ("Que ódio", "Ilustrada", 1º/6). Veja-se o caso da palavra "geléia" sem o acento agudo. Como nos mostram os grandes escritores, quando bem empregadas, palavras possuem gosto, cheiro, forma e transmitem a "idéia" (ops!, sem acento também) exata que se quer transmitir.
Edgard Soares, publicitário (São Paulo, SP)
Educação
A greve dos professores já dura quase 80 dias e nada ainda foi resolvido --sem nenhuma resolução, a tendência é que a greve permaneça. É bem possível que o semestre termine com os professores nas ruas, não nas salas de aula. É por isso e por outros problemas, como a violência e o bullying, que algumas famílias estão aderindo à "educação doméstica" ou "unschooling", movimento em que as famílias tiram seus filhos da escola para os instruírem em casa, mantendo a integridade dos filhos e sua segurança. Mesmo que seja contra a lei.
Alessandro Alves de Souza (Taboão da Serra, SP)
Inspeção veicular
O editorial "Inspeção estacionada" ("Opinião", 29/5) tratou do assunto como se esse mecanismo por si só fosse suficiente para inibir o aumento da poluição. Algo precisa ser feito para que o ar melhore, mas o modelo tinha falhas. Tive o carro reprovado em um posto e aprovado na semana seguinte em outro, sem ter feito nada. Além disso, houve uma proliferação de oficinas que se ofereciam para "passar" o carro na inspeção. Que tal começar com um transporte público de qualidade? Enquanto o veículo particular, mesmo com o tempo perdido no trânsito, for a melhor opção, não haverá diminuição de emissão de poluentes. A solução não está na inspeção.
Adilson Alves (São Paulo, SP)
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