EDITORIAIS
O tamanho da Petrobras
O Conselho da Petrobras aprovou a venda de pelo menos 25% da BR Distribuidora, sua unidade de distribuição de combustíveis. A negociação, que deve ocorrer a partir do final do ano, se inscreve num contexto em que a estatal tenta reduzir o endividamento excessivo.
Apesar dos esforços de contenção, a dívida (em larga medida indexada ao dólar) continuou a crescer neste ano, passando de R$ 351 bilhões para R$ 415,5 bilhões.
Verdade que a petroleira exibiu progressos gerenciais. O legado de problemas, contudo, ainda é pesado, com a regularização de impostos atrasados, baixa de ativos e pagamento de juros. O lucro líquido nesse período caiu para R$ 5,9 bilhões, 43% a menos do que nos mesmos meses de 2014.
A geração de caixa continua insuficiente para atender simultaneamente a dois grandes objetivos –cumprir o cronograma de investimentos e reduzir a dívida.
No primeiro semestre, a Petrobras lucrou R$ 22,8 bilhões nas suas operações, mas pagou R$ 11,7 bilhões em juros e, ao mesmo tempo, investiu R$ 36,2 bilhões. Ou seja, encargos e investimentos consumiram mais que o dobro do que a empresa obteve em suas atividades.
Não por acaso a Petrobras busca acelerar a negociação de ativos. A BR Distribuidora está avaliada em cerca de R$ 35 bilhões, mas, em momentos de aperto financeiro, as vendas de patrimônio não necessariamente ocorrem nas melhores condições –mais um custo dos erros cometidos nos últimos anos.
Controlar a dívida e sanear as finanças é imperativo. Além de renegociar contratos e incrementar sua gestão, a Petrobras precisa executar um plano de encolhimento de atividades que não sejam essenciais.
Também é necessário evoluir em outras frentes. A regra atual do pré-sal determina que a estatal participe com 30% dos investimentos em todos os campos, além de ser operadora única. É um ônus excessivo que precisa ser reduzido.
Um caminho é tornar a participação facultativa, com o que a empresa não estaria obrigada a arcar com investimentos além de sua capacidade. Para o país, seria possível acelerar a licitação de campos e a produção de petróleo.
Passa da hora de o governo reconhecer os problemas do modelo atual e aceitar mudanças que preservem o interesse nacional.