Painel do Leitor
A seção recebe mensagens por e-mail (leitor@uol.com.br), fax (0/xx/11/3223-1644) e correio (al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900). A Folha se reserva o direito de publicar trechos.
Brasil em crise
O efeito prático das liminares do STF é que a decisão de iniciar ou não um processo de impeachment da presidente Dilma está, hoje, no colo do presidente da Câmara ("Supremo trava marcha do impeachment na Câmara", "Poder", 14/10). Com isso, Eduardo Cunha passou a ser cortejado tanto pelo governo quanto pela oposição, mas nem um nem outro tem condições de garantir o que ele tanto almeja: sair incólume do processo de cassação do seu mandato. A tendência é que ele postergue o máximo possível a sua decisão quanto aos pedidos de abertura de impeachment na tentativa de ganhar tempo.
PAULO EDUARDO BAZANELLI GUIDO (São Paulo, SP)
Já que contra fatos não há argumentos, a saída é abandonar a linha da negação e admitir que Dilma pedalou, sim, mas foi pela justiça social. É o que Lula acaba de fazer ao confessar que as manobras contábeis foram para pagar programas sociais do governo Dilma ("Presidente fez pedaladas para pagar programas sociais, diz Lula", "Poder" 14/10). O lema "Pátria Educadora" deveria ser "Meu voto, minha vida".
SILVIO NATAL (São Paulo, SP)
A oposição critica, com razão, a roubalheira do petrol?o, mas continua atrelada a Eduardo Cunha, correntista de, ao menos, quatro contas na Suíça, abastecidas com dinheiro de corrupção ("PSOL e Rede oficializam pedido para cassar mandato de Cunha", "Poder", 14/10).
MARISA BODENSTORFER (Lenting, Alemanha)
Este é só o começo do derrocada do presidente da Câmara, o senhor Eduardo Cunha, além de outros paladinos do moralismo como Paulinho da Força Sindical, senador Agripino Maia e Aécio Neves. Pena que esta mídia não dê a devida atenção e destaque a quem só governa para si em detrimento do país e do povo.
PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS, advogado (Curitiba, PR)
A Folha, como panfletária do PSDB, DEM e da elite, está perdendo seu poder de convicção. Já tem 39% de críticos que se insurgiram contra o triste papel desse jornal ("61% dos leitores querem renúncia de Dilma", "Poder", 14/10). O que salva um pouco a Folha é contar com opiniões de colunistas sérios como Janio de Freitas, André Singer, Vladimir Safatle e Marcelo Freixo.
ISNARD CAMARA DE OLIVEIRA (Bragança Paulista, SP)
Há pouco tempo, Chico Buarque comentou, em entrevista, a lógica das redes sociais. Enquanto nas ruas o artista está acostumado a receber o carinho de desconhecidos, na internet, pessoas que ele nunca viu parecem odiá-lo. Como se fossem crianças, muitos adultos, fugindo de qualquer comprometimento real e histórico, preferem amar e odiar quem eles desconhecem. É nesse horizonte infantilizado das relações humanas que se desenrola a atual crise política.
PAULO HENRIQUE FERNANDES SILVEIRA, professor (São Paulo, SP)
Educação
Surpreende que a Folha tenha tratado como "mistério" a reorganização da rede estadual de ensino ("Mistério sobre fim de escolas alimenta protesto de alunos", "Cotidiano", 14/10), uma vez que o jornal tem pleno conhecimento que os estudos que definirão as escolas que vão passar pelo processo continuam em andamento e dentro do cronograma previsto pela Secretaria da Educação e anunciado pelo próprio jornal. A pasta divulgou, desde o início, que as 91 diretorias de ensino teriam um prazo de até um mês para apresentar a proposta, que se encerra na próxima semana. Não informar os leitores sobre isso acaba por desinformá-los, além de ampliar o movimento sindical, que prefere ignorar as melhorias pedagógicas.
VALÉRIA NANI, assessora de imprensa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)
Crise da água
Sobre "Sabesp torna secretos dados sobre abastecimento de água" ("Cotidiano", 14/10), o exercício do direito à informação é indispensável na gestão das águas para que haja efetiva equidade na distribuição desse bem, que se tornou precioso. Invocar, como fez a Sabesp, o resguardo da ordem pública para não divulgar quem receberá a água é duvidar da civilidade dos paulistanos. O acesso à água não é um favor, tendo sido afirmado como um direito pela Lei de Política Nacional de Recursos Hídricos. Duvidar do espírito de cooperação hídrica da população é presumir que cada um possa ser um desordeiro ou até um terrorista.
PAULO AFFONSO LEME MACHADO, professor de Direito (Piracicaba, SP)
Carandiru
O artigo de Marcelo Freixo "Memórias do cárcere" ("Opinião", 14/10) me chamou muito a atenção. Não me lembrava do texto de "O Haiti é Aqui", de Caetano Veloso. Em termos de drama social, as coisas só pioraram nos 23 anos que se seguiram ao massacre do Carandiru, quase completamente esquecido e sem nenhuma importância nas consequências. A comparação dos dramas nas prisões, onde prevalecem detentos pretos ou quase, grande parte não condenada por um juiz, com a vida nas favelas é algo que nos faz refletir.
ADEMIR VALEZI (São Paulo, SP)
Google x Cicarelli
O advogado do Google é incompetente ("Google terá de pagar R$ 250 mil a Cicarelli", "Cotidiano", 14/10). Fazer sexo em público é intimidade? Logo teremos bandidos processando donos de câmeras que filmam a intimidade de sua atividade profissional.
RODRIGO DE FILIPPO (Rio de Janeiro, RJ)
Pichador
Pichadores emporcalham a cidade com aqueles rabiscos horríveis. Já tive minha casa pichada, dá uma sensação de ser desrespeitada, mas a Folha abre um grande espaço para um pichador ("Tiozão do picho", "Ilustrada", 13/10). Que Carlos Adão pare de "agredir" espaços que não lhe pertencem. A Folha não deve alimentar esses desocupados, lustrando seus egos. Atrás dele virão outros querendo holofotes.
ANA TEREZA CALLEJA (São Paulo, SP)