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Carlos Heitor Cony

A visita da nossa senhora

RIO DE JANEIRO - Não comentei até agora a visita de dona Dilma a Cuba. Foi muito criticada porque não abordou o problema dos direitos hu manos que são desrespeitados pelo regime dos "brothers" Castro. Direitos que são continuamente violentados não apenas na ilha que se intitula "território livre das Américas". Pensando bem, 75% ou mais dos países que constituem o mundo estão na mesma situação, uns mais, outros menos.

Mas a viagem em si, no meu entender, nada teve de condenável. Lula visitou Gaddafi. O papa João Paulo 2º visitou o Chile em plena era Pinochet e foi duramente criticado porque não conseguiu evitar o seu aparecimento ao lado do ditador na sacada principal do La Moneda, palácio manchado pelo sangue de Allende, assassinado por seu anfitrião. Por falar no papa, ele também visitou Fidel, onde foi bem recebido. Visitou igualmente a Nicarágua, onde foi vaiado.

Nixon visitou a China, abrindo um caminho que, na época, relaxou a tensão mundial. Carter e Reagan visitaram o Brasil em plena ditadura, sendo que Carter pediu um encontro com líderes da sociedade civil. Não tocou nos direitos humanos em público, mas deixou um recado explícito pela abertura do regime e pelo fim das torturas.

Mais espetacular foi a visita de Anwar Al Sadat, do Egito, que praticamente sem aviso prévio, visitou Israel e, pouco depois, assinou uma espécie de paz em separado que irritou o mundo árabe. E não muito depois, ele foi assassinado durante um desfile militar pelos descontentes locais. Yitzhak Rabin, duas vezes premiê de Israel, também seria assassinado por um conterrâneo contrário a qualquer acordo com os adversários.

Dona Dilma, afinal, deixou um recado sobre Guantánamo e sobre o bloqueio que a ilha sofre há anos.

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