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Lei e ordem

Reivindicação de policiais militares por piso salarial é defensável, mas greve afronta a Constituição; vandalismo não pode mais ser tolerado

Uma assembleia que reuniu cerca de 2.000 pessoas no centro do Rio de Janeiro decidiu anteontem pela paralisação das atividades de policiais militares, policiais civis e bombeiros do Estado fluminense.

O movimento, que até ontem havia obtido adesão parcial, procura tirar partido do clima de insubordinação e insegurança criado pela greve de policiais militares da Bahia. O intuito é dar repercussão nacional às reivindicações. O pano de fundo da agitação é o interesse de lideranças da PM em fixar um piso nacional para as corporações, que são vinculadas aos governos estaduais.

Tramita no Congresso a Proposta de Emenda Constitucional nº 300, que estipula a adoção de um piso, mas não seu valor -a ser definido posteriormente por lei federal.

A ideia de um salário nacional para policiais militares esbarra em dificuldades, como limitações orçamentárias e desnível econômico entre os diversos membros da Federação. A PEC 300 prevê a participação do governo federal num fundo para auxiliar os Estados que precisarem arcar com aumentos.

São problemas equacionáveis, que não impedem o estabelecimento de um patamar mínimo de remuneração. Assim como se instituiu um valor para os professores, pode-se fazer o mesmo para policiais militares -cujo soldo, na maioria dos casos, está aquém dos riscos e responsabilidades inerentes à função. Uma polícia mais bem remunerada e treinada é um objetivo de interesse nacional.

Essas considerações não diminuem a gravidade do acintoso desrespeito à Constituição Federal perpetrado pelos grevistas. A Carta é clara ao negar o direito de greve a militares federais e estaduais. Interpretações em contrário são insustentáveis.

A afronta às normas constitucionais já seria suficiente para que os participantes do movimento fossem punidos. O fato de que alguns deles tenham, ademais, planejado e promovido atos de vandalismo os equipara a criminosos comuns.

As gravações de conversas telefônicas divulgadas na quarta-feira pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, chocaram o país. Lideranças grevistas falavam em atear fogo em veículos na rodovia Rio-Bahia e em inviabilizar a realização do Carnaval na Bahia e no Rio.

Ao tomar conhecimento do teor dos diálogos, a presidente Dilma Rousseff abandonou -em boa hora- a tradicional atitude de cumplicidade do PT com movimentos ilegais. Declarou-se "estarrecida" e contrária ao perdão para grevistas: "Crimes contra o patrimônio, contra as pessoas e a ordem pública não podem ser anistiados".

Em linha com o discurso da mandatária, o governo estadual do Rio confirmou no final da tarde a prisão de 16 PMs grevistas. Também foram expedidos mandados de prisão por crimes comuns. São decisões enérgicas e necessárias, em defesa da lei e da ordem.

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