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Claudia Antunes

Desinformação e guerra

RIO DE JANEIRO - A "Folha Corrida" publicou, no domingo passado, uma seleção de notícias que leitores gostariam de ver daqui a 90 anos. Uma delas anuncia que a última fábrica de armas do mundo foi fechada no Irã.

A sugestão pode ter sido uma brincadeira, mas confirma que o país persa não seria a bola da vez sem uma boa dose de desinformação.

O Irã não se destaca nos rankings de gastos bélicos. Seu PIB vale dois terços do orçamento militar americano. Mesmo se trocasse todo o pão por canhões -e na improbabilidade de que o mundo decidisse desarmar-se-, só o que EUA e Rússia já acumularam levaria mais tempo para ser desativado.

Esses dois países, aliás, pediram a extensão do prazo, que venceria em abril, para destruir suas armas químicas, banidas em convenção que o Irã ratificou (mas Síria e Israel, entre outros, não).

A recente missão a Teerã de diretores da AIEA (a agência atômica da ONU) foi noticiada com meias verdades.

Destacou-se que ela não visitaria instalações nucleares, mas este não era seu objetivo, uma vez que esses locais já são monitorados pela AIEA (coisa que nunca é dita).

A missão tentou convencer os iranianos a abrir uma base militar convencional que, segundo a espionagem ocidental, seria usada para testes que serviriam à construção da bomba. O Irã faria um gesto de boa vontade se aceitasse, mas isso seria mais fácil se o ambiente não estivesse envenenado por sanções e ameaças -como mostra um relatório desta semana do International Crisis Group, que tem vários ex-diplomatas dos EUA em sua direção.

Um dos empecilhos a um ataque ao Irã é justamente a presença ali de inspetores estrangeiros. O pior desfecho para o impasse atual seria sua retirada ou expulsão, como ocorreu no Iraque antes da invasão de 2003.

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