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Paula Cesarino Costa

Morrer na praia

RIO DE JANEIRO - Da praia do Flamengo à praia do Recreio, milhares de banhistas refestelam-se nas areias e refrescam-se em águas que, na maior parte do ano, são impróprias para o banho -a ponto de haver praias que ficaram poluídas quase na totalidade de 2011, como a da Urca (96% do ano) e a do Pepino (96%), em São Conrado.

Há dois anos, em fevereiro de 2009, o secretário do Ambiente, Carlos Minc -num intervalo como ministro do Meio Ambiente-, prometeu acabar com o "surfe de coliforme fecal". Três anos depois, Minc continua às voltas com coliformes e, na semana passada, voltou a prometer: "Bye-bye, coliformes. Poderemos mergulhar no mar sem ter que fechar a boca".

No primeiro momento, foi anunciado que as águas salgadas do Leblon, um dos metros quadrados mais caros do mundo, tinham ficado em condições impróprias em 35,8% dos dias no ano anterior, 2008.

Nesse intervalo, não só o surfe de coliformes não acabou, como os dias de banho impróprio no Leblon aumentaram para 54%, em 2011.

Provocada principalmente por esgotos clandestinos e/ou não tratados, a situação se repete em praticamente toda a orla carioca: Leme ficou imprópria em 41% do ano passado, Arpoador, em 53%, e Ipanema, em 43%. E as autoridades estaduais querem fazer acreditar que Ipanema estará limpa até o final deste ano.

Nas previsões de despoluição, não há no horizonte prazo para as praias do Flamengo e de Botafogo (esta imprópria em 100% dos dias de 2011). Já dentro da baía de Guanabara, as duas lotam nos finais de semana de brasileiros que preferem nem pensar em que águas estão mergulhando. O programa de despoluição da baía tem mais de 20 anos e consumiu sabe-se lá quantos milhões de dólares.

Exemplo perfeito de como ações ineficientes morrem na praia. De boca aberta, como peixe intoxicado.

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