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Paraísos poluídos

Gastroenterite, hepatite A, febre tifoide. Otites, dermatoses, conjuntivite. Moléstias como essas compõem, segundo a Cetesb, a gama dos riscos a que se expõe quem frequenta as praias do litoral paulista. Ao menos aquelas consideradas impróprias para banho -as quais se encontram, nos últimos tempos, até no município de Guarujá.

Chega a ser irônico que um dos pontos turísticos mais procurados e com mais infraestrutura comercial e hoteleira do Estado de São Paulo tenha apenas 30% de suas praias em condições de balneabilidade, na média das últimas cinco semanas.

Os dados sobre o Guarujá, divulgados pela agência ambiental do governo paulista, contrastam com a situação de municípios de menor arrecadação, como Peruíbe, e também com os números de cidades bem mais populosas, como Santos -onde o mar estava próprio para banho em toda a extensão da orla marítima.

É certo que tais dados variam bastante. Em Ubatuba, por exemplo, onde 90% das praias estiveram próprias nas últimas cinco semanas, caiu de 62% (2009) para 57% (2010) o número das praias permanentemente em tais condições, segundo relatório da Cetesb. Por outro lado, na média de 2010, as águas do Guarujá mantiveram-se próprias em 73% dos casos.

Não por acaso, Praia Grande (55% de praias próprias nas últimas semanas) e Guarujá (30%) são os municípios paulistas com maior população flutuante anual: 360 mil, no primeiro caso, e perto de 200 mil, no segundo. É provavelmente esse fator que faz Ilhabela, por exemplo, contar com praias em boas condições, apesar de ter apenas 4% das residências atendidas por coleta de esgoto.

O Guarujá, com 51% de atendimento, fica entre os extremos de Santos (97%) e Ilhabela. As autoridades ressaltam que, mesmo em locais onde é possível a ligação com redes de saneamento, muitas residências não as utilizam. A chamada poluição difusa, na qual dejetos são transportados diretamente pela chuva para córregos e para o mar, também se manifesta, em especial na temporada de verão.

Fiscalização, investimento do Estado e dos municípios, além de maior educação ambiental, são necessários para mudar esse quadro. Mansões e hotéis de luxo à beira de praias cortadas por fétidos cursos d'água são um cenário típico do litoral paulista. Típico também, pode-se dizer, da mistura de subdesenvolvimento e prosperidade que caracteriza o Brasil.

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