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Claudia Antunes

Simplificação ambiental

RIO DE JANEIRO - O terremoto que há um ano provocou o vazamento de material radiativo na usina nuclear de Fukushima deu novo ensejo à corrente de ambientalistas oposta à energia atômica.

Há indicações de que o desastre contribuiu para frear o que a indústria do setor antes anunciava como seu "renascimento", motivado pela substituição da eletricidade gerada por combustíveis fósseis.

No entanto o anúncio da Alemanha de que desativará seus reatores ainda é um ato isolado. França, EUA e Rússia, países com o maior número de usinas, pretendem mantê-las e negociam a venda de equipamentos para a Índia e para outros clientes.

A China, dependente do carvão, investe nas fontes eólica e solar, mas planeja instalar 77 novos reatores (tem 15). Países como Vietnã e Turquia querem construir usinas, mais para dominar a tecnologia nuclear do que por necessidade energética imediata.

No Brasil, ambientalistas em geral são contrários à conclusão de Angra 3 e à construção de hidrelétricas em áreas de florestas, e têm argumentos razoáveis. Mas, tratando-se por enquanto dos únicos tipos de geração não poluente com garantia de fornecimento firme, sem eles fica mais difícil atingir o equilíbrio entre suprir a demanda por energia e combater o aquecimento global.

No próprio Japão, a eventual substituição das usinas atômicas significará mais termelétricas, pondo em risco a contribuição do país para a redução da emissão de gases do efeito estufa.

As campanhas ambientais simplificam esse debate. Atraem simpatia, mas não tocam nem a superfície do grande e talvez insolúvel impasse mundial: só será possível uma convergência sustentável dos níveis de vida se os países emergentes não imitarem os ricos e se estes, com consumo energético por habitante quatro vezes maior, abrirem mão do padrão atual.

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