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Conflito na Síria

Um ano após o início dos protestos populares contra o ditador Bashar Assad, não se vislumbra uma saída próxima para o conflito que se instaurou na Síria.

A aparente impossibilidade de vitória definitiva para qualquer um dos lados, seja do regime, seja dos revoltosos do Exército Livre da Síria e de grupos aliados, gera a sombria perspectiva de uma escalada de mortes, sobretudo entre civis.

E isso em uma guerra que já conta mais de 8.000 vítimas e 230 mil refugiados (200 mil deslocados dentro do território sírio e 30 mil que atravessaram as fronteiras do país em busca de segurança).

A superioridade do Exército de 300 mil homens de Assad foi até aqui incontrastável. O regime conta com o apoio da Rússia, que vende armas à Síria e detém no país um porto militar no Mediterrâneo.

A minoria islâmica a que pertence o ditador, de origem alauíta (ramo dos xiitas), os sírios cristãos e outros grupos minoritários apoiam o presidente, sobretudo por temerem a chegada ao poder da maioria sunita, que compõe a maior parte dos grupos insurgentes.

Embora em menor número, fragmentados e com limitado poder de fogo, os insurgentes parecem ter força necessária para prolongar o conflito. A maior parte da população síria apoia a revolta, ainda que sem tomar parte diretamente nos confrontos. É generalizado o desejo de pôr fim a um Estado policial que massacra seus cidadãos.

A demanda dos rebeldes por democracia é matizada, porém, pelo apoio aberto que recebem do governo sunita da Arábia Saudita, não menos autoritário que o de Assad.

A força do Exército sírio e a perspectiva de um novo e demorado conflito no Oriente Médio tornam irrealista a possibilidade de uma intervenção direta dos Estados Unidos e de seus aliados.

Um apoio logístico e militar aos insurgentes, nos mesmos moldes do que ocorreu na Líbia, teria como resultado somente o prolongamento da guerra e um aumento no número de mortes.

A única saída realista, embora ainda improvável, seria conseguir que Assad e os revoltosos negociem uma solução política. Novas sanções econômicas não foram suficientes, entretanto, para fazer o governo sentar à mesa. Tampouco as facções rebeldes parecem inclinadas a buscar essa via.

Os aliados internacionais dos dois lados em conflito -sobretudo a Rússia, que apoia Assad- deveriam pressioná-los para aceitarem uma transição negociada. Enquanto ela não vier, o mundo continuará a acompanhar, impotente, a contagem de corpos.

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