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Paula Cesarino Costa

Antiqualhas

RIO DE JANEIRO - "Pela obrigação que tenho de atalhar os prejuízos dos meus vassalos, não pude deixar de advertir com desprazer quanto lhes tem sido pernicioso o luxo (...). Este foi um dos males que todo o sábio governo procurou impedir, como origem de ruína, não só da Fazenda, mas dos bons costumes."

É citando as palavras com que d. João 5º, rei de Portugal, justifica a promulgação da lei de 24 de maio de 1749 -que disciplina vestimentas, móveis e carruagens-, que José Vieira Fazenda inicia um dos mais de 600 artigos publicados, de 1896 a 1914, no jornal "A Notícia" e nas revistas "Kosmos" e "Renascença".

"Pragmática sobre o luxo", de 13 de março de 1905, é um exemplo da diversidade de assuntos e períodos retratados por Vieira Fazenda (1874-1917) nos 553 artigos agora reunidos na reedição, anotada, de "Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro", (Documenta Histórica Editora/IGHB, 5 volumes, 3.052 páginas, R$ 125).

Médico e político, Vieira Fazenda foi pesquisador e bibliotecário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e colaborador do historiador Capistrano de Abreu, que o considerava um dicionário vivo.

Os textos, nem sempre fáceis (seja pelo estilo ou pelo excesso de citações e referências), vão do século 16 ao 20. Relatam em detalhes momentos históricos, ao mesmo tempo em que contam fatos prosaicos como o aparecimento de uma baleia e a surra dada por oficiais do Exército, por engano, em um holandês.

Os detalhes da história política, social e urbana do Rio se espalham pelas páginas ao comentar a mudança de curso dos rios, a remoção do morro do Castelo, os lampiões de azeite de peixe e ao descrever as "límpidas areias" de Copacabana e o "futuroso bairro de Ipanema".

É uma obra preciosa para historiadores e para curiosos, mas que sejam pacientes os leitores acostumados ao imediatismo dos tempos atuais.

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