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Difícil de entender

Causa estranheza a decisão da Secretaria da Educação de extinguir as aulas de reforço para alunos da rede pública paulista -medida que parece estar mal acordada com o governador Geraldo Alckmin, a quem cabe a palavra final.

O sistema, voltado para estudantes com dificuldades no aprendizado, previa que eles comparecessem à escola em período diferente do horário letivo normal. O problema, segundo a secretaria, é que a baixa frequência dos alunos tornava ineficaz o auxílio pretendido.

Optou-se então por introduzir um segundo professor nas classes mais numerosas, de modo a atender alunos durante o próprio transcurso das aulas regulares.

Muitas perguntas ficam irrespondidas diante dessa decisão. Quais os índices concretos de frequência nas aulas de reforço? Não haveria como torná-la obrigatória? As aulas não poderiam ser realizadas logo após o término do turno normal, sem que o estudante fosse obrigado a se deslocar para a escola duas vezes no mesmo dia?

Será praticável a coexistência do reforço e a assistência à aula normal, numa mesma sala?

Do ponto de vista dos professores, surgem outros questionamentos. A decisão teria sido tomada com o apoio de representantes da categoria, em reuniões regionais organizadas no ano passado. A Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual, cuja oposição aos governos tucanos é sistemática, põe em dúvida, entretanto, a validade dessa representação.

Para além das dúvidas específicas, duas questões fundamentais se renovam com a decisão. A primeira diz respeito à falta de professores na rede pública estadual

-problema que levou, recentemente, à convocação de profissionais que haviam sido reprovados nos testes de avaliação oficiais.

A segunda questão é a do sistema de ciclos, pelo qual se garante aprovação automática aos alunos até o quinto ano do ensino fundamental. Eliminou-se, com os ciclos, o processo tradicional de recuperação, ao término do ano letivo, para alunos com nota insuficiente.

Em vez disso, promoviam-se as aulas de reforço. E estas seriam agora eliminadas.

De remendo em remendo, o quadro é o que se conhece: uma esmagadora maioria de estudantes sem exibir -ao término de anos e anos de absenteísmo docente e discente, de falta de conteúdo, exigência e disciplina- o mínimo que os habilite a ingressar no mercado de trabalho e na vida de cidadãos conscientes.

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