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Serra no páreo

Maioria modesta nas prévias lança a candidatura do tucano, que ainda enfrenta percalços -assim como a do petista Fernando Haddad

A vitória de José Serra com 52% dos votos nas prévias do PSDB dá um início pouco empolgante para sua candidatura a prefeito.

Mal ultrapassando a maioria dos votos dos filiados, o tucano não afasta de todo o risco mais imediato para sua campanha: uma militância menos empenhada em eleger alguém que não chega a galvanizar o próprio partido. Há outros problemas à vista, porém.

Apesar de contar com o apoio do governador Geraldo Alckmin, pesa contra Serra o retrospecto administrativo e político de seu afilhado e atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD). O sucessor de Serra na administração paulistana teve, de início, boas avaliações, mas hoje amarga 26% de aprovação, segundo o Datafolha, fruto de promessas descumpridas em vários setores, sobretudo transportes e saúde.

O recém-criado PSD carrega a pecha de agremiação oportunista, surgida para abrigar interessados em mudar de legenda sem ferir a regra da fidelidade partidária e para criar uma via de adesão ao governo federal. A entrada de Serra na disputa abortou a negociação que Kassab já encetava com o PT para apoiar Fernando Haddad.

Um cabo eleitoral impopular, que semanas antes cortejava o arqui-inimigo ideológico, não é nenhum grande trunfo. Em particular se não agregar tempo de TV na campanha -pois parece improvável que a Justiça Eleitoral acate o pleito do PSD, cujos parlamentares foram eleitos por outras legendas (as quais lutarão para resguardar o cobiçado ativo).

Não é certo tampouco que Serra venha a contar com o congênere socialista do kassabismo, o PSB. Mesmo participando do governo tucano de Geraldo Alckmin, pode acabar aliado a Haddad. O apoio mais significativo e certo ao tucano, por ora, se resume ao DEM.

A candidatura do adversário petista, porém, está ainda mais longe de decolar. Haddad registra 3% das intenções de voto pelo Datafolha, contra 30% de Serra.

Os atritos do Planalto com sua base parlamentar têm dificultado a montagem de alianças locais (mas não são barreira intransponível). Integrantes do governo federal, como PMDB e PC do B, se aferram, por ora, a candidaturas próprias. Um dos candidatos menos conhecidos, Haddad é o que mais necessita da exposição na TV propiciada por essas coligações.

A mais de seis meses da eleição, o cenário ainda sofrerá várias alterações. Parece pouco provável, por exemplo, que Haddad deixe de conquistar apoio daquele terço do eleitorado paulistano fiel ao petismo. Ou que candidaturas menores cedam ao poder de atração dos focos principais de poder, os Executivos federal e estadual.

Não é irrazoável prever, com Serra, enfim, no ringue, que o pleito paulistano poderá decidir-se mais uma vez na polarização PSDB x PT.

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