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Pacificar o futebol

A morte de um torcedor durante conflito de rua entre adeptos de Palmeiras e Corinthians é mais uma tragédia a clamar por medidas enérgicas do poder público e das entidades esportivas para conter a violência no futebol.

É correta, portanto, a decisão da Federação Paulista de Futebol de banir as torcidas Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel dos estádios, até que seja esclarecida sua participação no bárbaro episódio.

Os responsáveis pela segurança pública em São Paulo e em outros Estados têm se mostrado sensíveis ao problema. Faltam, contudo, instrumentos para atuação mais eficaz.

A realização da Copa do Mundo de 2014 no país pode ser o incentivo até aqui ausente para enfrentar o problema, que é antigo e não afeta só o Brasil. A experiência internacional demonstra que, apesar da dificuldade de combater esse fenômeno difuso, é possível reduzir de forma significativa os confrontos, tanto nos estádios quanto em espaços públicos.

Os pioneiros nesse esforço foram os britânicos, após grave tumulto na Bélgica, em 1985, patrocinado por torcedores truculentos -os chamados "hooligans" (arruaceiros). Naquela ocasião, 39 pessoas morreram pouco antes da partida final da Copa dos Campeões da Europa, entre o Liverpool, da Inglaterra, e a Juventus, da Itália.

Depois de retirar seus clubes das competições continentais por cinco anos, os britânicos tomaram várias providências para frear a violência. A principal foram leis específicas, com sanções para delitos vinculados ao esporte.

Além de penas de prisão ou serviço comunitário, a legislação prevê o banimento dos estádios, por até dez anos, de torcedores flagrados em conflitos. Se reincidentes, a punição pode ser perpétua.

Para identificar os delinquentes, tornou-se obrigatório, lá, implantar sistemas de vigilância por câmera nos estádios -como o que se encontra em teste no Pacaembu. Os torcedores envolvidos em brigas têm de comparecer a distritos policiais nos dias de jogo. Paralelamente, a polícia recebeu treinamento para atuar de modo mais seletivo e inteligente na repressão.

Por aqui, há também que chamar os clubes à responsabilidade. Suas diretorias precisam pôr fim às benesses e aos conluios com torcidas organizadas, muitas delas notórias adeptas do vandalismo.

Cabe ao Ministério do Esporte e às autoridades da segurança pública tomar as providências para que o país possa, até 2014, enfim pacificar o futebol.

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