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Avanço do pedestre

Surtiu efeito a campanha para diminuir atropelamentos na cidade de São Paulo. De maio de 2011 a janeiro deste ano, o número de pedestres mortos na região central da capital paulista caiu 37%.

Trata-se de redução expressiva, que merece comemoração. Porém, considerada a cidade como um todo, a diminuição dos atropelamentos fatais, no mesmo período, foi de apenas 7,9%, passando de 464 para 427.

A principal razão para essa disparidade está no modo de condução da campanha. Ela foi mais intensa no centro da metrópole e só agora, quase um ano depois, é expandida para as 14 vias mais perigosas de São Paulo -a maioria delas localizada na periferia.

Essas 14 avenidas e ruas passam a ter mais fiscais e orientação nas faixas de travessia. Não é sem tempo: de janeiro a outubro de 2011, somaram 559 atropelamentos.

É de perguntar, aliás, qual razão levou a prefeitura a demorar tanto para ampliar um programa que, já em seus primeiros meses, dava sinais de êxito. Parece óbvio que a fiscalização deva mostrar-se presente nas áreas mais propícias a acidentes da cidade -e não apenas na região central.

Assim como ocorreu com a lei que tornou obrigatório o uso do cinto de segurança, somente a certeza da punição alterará um hábito tão arraigado no Brasil, como o desrespeito ao pedestre.

A violência do trânsito paulistano alcança números expressivos. Em 2010, houve mais mortes causadas por veículos nas ruas e calçadas de São Paulo (1.357) do que homicídios dolosos na cidade (1.196). As principais vítimas dessa guerra cotidiana foram pedestres: 630 mortos.

O ímpeto fiscalizador, contudo, não basta. Deve ser acompanhado de medidas educativas. Motoristas e transeuntes precisam estar bem informados sobre as regras de convivência que constam do Código de Trânsito Brasileiro de 1998 -e, obviamente, respeitá-las. Por isso é preocupante que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) enfrente dificuldades na contratação do número de orientadores de trânsito -cuja função é educar, não multar- necessário para expandir a campanha de respeito à faixa para a periferia, sem descuidar do centro.

Seria lamentável se a repercussão e o sucesso inicial da campanha refluíssem para o estágio incivilizado em que mortes são a regra, e a defesa do pedestre, exceção.

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