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A saúde do Senado

O Senado Federal vive situação "sui generis" na área médica. Enquanto em todo o país tornou-se lugar-comum defender o aumento dos gastos com saúde, aquela Casa dispõe de oportunidade para reduzir custos fazendo cortes justamente nos serviços hospitalares.

Reportagem do programa "TV Folha" (transmitido aos domingos pela TV Cultura) mostrou que o Senado gasta cerca de R$ 5 milhões anuais -sem contar a folha de pagamento- para sustentar uma unidade de saúde pouco utilizada por parlamentares, servidores e seus dependentes.

O desperdício de recursos do contribuinte, que já não é pequeno, torna-se inaceitável quando se leva em conta que, em 2011, o Senado gastou R$ 63,2 milhões com reembolso de despesas médicas.

Ao que tudo indica, aqueles que poderiam utilizar a unidade de saúde preferem buscar clínicas particulares. É mais que natural, portanto, questionar qual a razão de mantê-la em funcionamento.

Se do ponto de vista prático o serviço médico do Senado é um esbanjamento, pelo aspecto simbólico trata-se de um acinte: enquanto suas salas ficam vazias, e seus profissionais, ociosos, pacientes enfrentam filas em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do governo do Distrito Federal visitada pelo mesmo "TV Folha".

Localizada na cidade-satélite de Samambaia, a poucos quilômetros do Congresso Nacional, a UPA consome R$ 6 milhões por ano (fora a folha de pagamento), dispõe de 23 médicos e faz, em média, 15 mil atendimentos por mês -o triplo do que faz a unidade parlamentar.

Feitas as contas, cada profissional da UPA atende cerca de 652 pacientes mensalmente. Pelo serviço, recebem salário inicial de R$ 3.900.

A unidade do Senado conta atualmente com 35 médicos, mas há concurso aberto para contratar mais dez. Ao final do mês, os profissionais terão feito em média 111 atendimentos cada um. Embora cuidem de número bem menor de pacientes, terão salarial inicial consideravelmente maior: R$ 18 mil.

É difícil imaginar o que poderia justificar tamanha disparidade, que só reforça a impressão de que os parlamentares defendem antes os próprios interesses do que os da população que representam.

Não há o que explique tal desproporção. A reforma administrativa do Senado precisa pôr fim a essa diferença de tratamento.

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