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Custo São Paulo

Câmbio valorizado e inflação dos serviços explicam por que a capital paulista é cara; transferência de renda melhora vida de muitos

O tema do custo de vida disparado em São Paulo domina as conversas de seus habitantes. Visitantes, sobretudo estrangeiros, não perdem oportunidade de se queixar a respeito.

É certo que a metrópole paulistana se tornou uma cidade ainda mais cara do que sempre foi. Alcançou a distinção duvidosa de entrar para os rankings das mais dispendiosas do mundo -em décimo lugar na relação da consultoria internacional Mercer, por exemplo.

A fama de careira da maior cidade do país foi tema de capa da revista "São Paulo", domingo, nesta Folha. Ali se esmiuçaram os vários componentes da carestia.

O primeiro ponto a salientar é que o custo de São Paulo sobressai em especial nas comparações internacionais. Se parece mais caro frequentar restaurantes aqui do que em Paris ou Nova York, não será por ganância peculiar aos "restaurateurs" paulistanos, mas por força da valorização do real.

O fluxo de investimentos para o Brasil aumenta a demanda pela moeda brasileira e, por consequência, seu preço (cotação). Com isso, o viajante portador de dólares ou euros obtém menos reais na troca. Uma refeição pode custar, para o estrangeiro, até o dobro do que se pagava há uma década.

A taxa de câmbio ultrapassa problemas como o trânsito caótico ou os preços de terrenos, fatores associados com o custo São Paulo. Ela depende de fatores macroeconômicos, como a alta taxa de juros, que atraem especuladores estrangeiros, e o "tsunami monetário" contra o qual a presidente Dilma Rousseff não se cansa de deblaterar.

O real forte, além de dificultar exportações, barateia produtos importados e, assim, ajuda a conter preços de manufaturados. Computadores e aparelhos de TV custam mais barato hoje, nas lojas de São Paulo, do que quatro anos atrás.

O mesmo não se pode dizer de uma classe especial de bens que não sofrem concorrência de importações: os serviços. Espetáculos, hotéis, centros de compras e design, cuidados pessoais e médicos -são esses os setores que fazem de São Paulo um magneto para homens de negócios, turistas abastados e jovens profissionais.

Os preços inflacionados desses atrativos é que tornam São Paulo cara. De julho de 2011 até o mês passado, a inflação média para o consumidor na cidade foi de 3,3%, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), contra 5,7% dos preços de serviços.

Naqueles que usam mais mão de obra, como serviços domésticos, chegou a 8,4%, nesses nove meses. A carestia paulistana, enfim, transfere renda para prestadores de serviços e, numa economia aquecida, valoriza seu trabalho.

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