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Gilson Schwartz, José Amazonas, Jorge Forbes, Zilda Iokoi e Guilherme Ary Plonski Moedas criativas para outro FMI Estamos propondo um Fundo de Moedas Imaginárias. Pode o dinheiro digital mudar a economia global com novas formas de financiamento? Num momento de crise global das moedas estatais, voltaram a ganhar força movimentos sociais, experimentos econômicos e pensamentos ou visões de um futuro radicalmente democrático na eleição de sistemas de informação com funções de unidade de conta, meio de pagamento e reserva de valor. Augura uma democratização do dinheiro. É mais um efeito da internet, em especial da chamada "internet das coisas", onde se misturam objetos, sensores, "nuvens", imagens e softwares, criando novos mundos virtuais ou híbridos. Ecoando os recentes protestos em Wall Street, novas moedas revelam que é também possível e preciso ocupar o digital. O processo de desmaterialização da moeda e da riqueza, aliás, é anterior às TICs (tecnologias de informação e comunicação), como já notava revolucionariamente John Maynard Keynes há 100 anos. A internet acentua o processo de virtualização do dinheiro e, portanto, ajuda a mudar também a consciência que temos da sua utilidade e efeitos -positivos e negativos. Mais além das funções na economia, o dinheiro tem uma dimensão icônica, simbólica, de representação e projeção (até psicossomática) das nossas ansiedades e ambições, medos e ímpetos, sonhos e perversões: é a força da grana que ergue e destrói coisas belas. Pode o dinheiro digital representar para a economia global algo análogo ao Creative Commons (CC) na promoção de novas liberdades, formas de produzir, consumir, distribuir, financiar e organizar? Seriam as moedas criadas local ou socialmente, lastreadas em projetos de desenvolvimento humano, circulando por celulares e sensores, portadoras de uma nova economia da cultura e de uma inédita cultura econômica? Com essa esperança, grupos de pesquisa da USP celebram o Dia do Trabalhador Criativo propondo a fundação, no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, de um novo FMI: Fundo de Moedas Imaginárias. Animando redes e empreendimentos associados a projetos de pesquisa, cultura e extensão, as moedas criativas digitais, a exemplo dos créditos obtidos com cursos, "marcam", indexam ou pespegam tags nos cidadãos envolvidos com práticas emancipatórias no campo da educação, cultura, empreendedorismo, sustentabilidade e da criatividade. Ao promover uma nova ordem de valores, as moedas emitidas pelo novo FMI estimulam a emergência no Brasil e no mundo de uma economia animada por ética e cidadania. Terá o Brasil lastro para um "FMI da imaginação"? Como as crianças nas escolas, os artistas, os trabalhadores nas empresas e os idosos, as donas de casa e os enfermos terão acesso a essa nova riqueza imaterial gerada por um inédito estímulo a conexões criativas? O design social de um ícone como a "moeda" parece brincadeira, mas é um "game" muito sério que pode mudar o mundo: a mesma internet que facilita a criação de moedas é também uma rede aberta que precisa ser ocupada a partir de alianças que ultrapassam as regras do jogo acadêmico. A internet do futuro exige a criação de mundos e fundos. A moeda sustentável é possível. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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