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Fernando Rodrigues Matar ou morrer BRASÍLIA - Dilma Rousseff atacou os bancos no seu discurso do Dia do Trabalho. Elevou a um patamar de beligerância inaudita a disputa entre o Planalto e o setor financeiro. Uma coisa era defender juros menores. Outra, bem diferente, é dizer em rede nacional de rádio e TV que os bancos seguem uma "lógica perversa". Em suma, na hora da novela, Dilma xingou os bancos de perversos. Disse ser "inadmissível" o nível das taxas cobradas para concessão de empréstimos. Agora, é matar ou morrer. Alguém terá de ceder. A presidente fez um cálculo político. O publicitário João Santana é um entusiasta da estratégia -com a credencial de ter sido o responsável pelo marketing nas campanhas vitoriosas de Dilma (2010) e de Lula (2006). A lógica é simples. Todo presidente precisa ter uma ou mais marcas. É assim que penetra nos corações e mentes de seus governados. A marca de Dilma, até o momento, era arriscada e um pouco irreal: a faxineira da República. Primeiro, faxina não houve de fato. Segundo, nunca nenhum político foi muito longe só com o discurso da ética. FHC fez o Plano Real e estabilizou a economia. Lula manteve o rumo e disseminou o Fome Zero e o Bolsa Família. Se for bem-sucedida na sua queda de braço com o bancos, Dilma será a presidente que colocou o Brasil no mesmo nível de países capitalistas "normais": ganha-se dinheiro no setor financeiro, mas para promover o crescimento geral e não só de uma parcela pequena da população que "vive de renda". Chegou-se a um ponto de não retorno. Se os juros caírem para níveis mais compatíveis aos de países desenvolvidos, Dilma será a grande vitoriosa. Sua popularidade vai disparar. Sem fazer juízo de valor se a presidente está certa nem se o método de pressão é o adequado, a prudência recomenda esperar um pouco antes de proclamar quem sairá rindo por último nessa história. fernando.rodrigues@grupofolha.com.br Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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