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Da Grécia para a Europa

À primeira vista, a mensagem dos eleitores gregos à classe política de seu país e ao restante da União Europeia foi clara: não à austeridade. Os partidos que se opõem às medidas de cortes de gastos, aumento de impostos e redução do Estado de Bem-Estar Social empalmaram quase 70% dos votos.

Ao mesmo tempo, 75% dos cidadãos da Grécia dizem querer continuar na zona do euro. Mas a conciliação desses dois objetivos -manter-se num bloco econômico forte e diminuir os custos do ajuste fiscal imposto pelos credores e líderes desse mesmo bloco- não depende só do eleitorado grego, pois está atrelada a uma solução externa para a insolvência do Estado.

A ausência de uma fórmula mágica para o impasse se complica com a fragmentação inédita do Parlamento. Nenhum partido passou de 20% dos votos.

As três legendas mais votadas foram encarregadas de tentar formar governos de coalizão, até aqui sem sucesso. O tradicional partido conservador Nova Democracia fez a primeira tentativa. Fracassou.

Também deram em nada as tratativas da frente esquerdista Syriza, segunda colocada nas eleições. Seu líder, Alexis Tsipras, defende a permanência na zona do euro, mas rejeita acordos feitos com o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional e propõe estatizar os bancos gregos.

Se o Partido Socialista Pan-Helênico (Pasok), terceiro colocado, tampouco conseguir apoio para liderar o Parlamento, novas eleições devem ser realizadas em junho.

Também no mês que vem vence o prazo para que a Grécia faça cortes adicionais em seu Orçamento e possa ter acesso a uma nova parcela de empréstimos, imprescindível para rolar sua dívida. É improvável que o país, fragmentado politicamente, consiga aprovar as restrições exigidas pelos credores.

Se o impasse prevalecer, mesmo após nova eleição, aumentam as chances de a Grécia abandonar a zona do euro. Isso não significaria o fim das agruras da população: sem recursos externos, e com uma moeda nacional desvalorizada, os serviços do Estado e o emprego dos servidores públicos seriam também gravemente afetados.

Não há soluções à vista para os problemas da Grécia. Sua saída da zona do euro só aumentaria as

incertezas de um bloco fragilizado. Eis o agravamento da situação financeira da Espanha para mostrar que o desequilíbrio europeu está longe da superação.

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